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O complexo portuário do Itajaí (SC), formado pelos portos de Navegantes e Itajaí, entra hoje na disputa pelos super navios que frequentam a costa brasileira. O governo do Estado de Santa Catarina lança no início da tarde o edital de licitação para a primeira etapa das obras dos novos acessos e nova bacia de evolução do complexo, o segundo em movimentação de contêineres do país, atrás apenas de Santos (SP). O empreendimento está orçado em R$ 130 milhões.
A obra é considerada vital para a existência do complexo. A principal porta do comércio exterior do Sul tem perdido cargas para concorrentes devido principalmente, mas não apenas, às restrições físicas do estuário.
O canal está limitado a receber embarcações de até 308 metros de extensão, que têm capacidade máxima para cerca de 8 mil Teus (contêiner de 20 pés). A nova classe de navios com 335 metros de comprimento, que escala o Brasil desde o ano passado e tem capacidade para até 9.600 Teus, não pode atracar no complexo catarinense. Trata-se de perda de competitividade para a indústria e o agronegócio da região – quanto maior o navio, maior a economia do armador por contêiner movimentado, o que pode diminuir o frete marítimo pago pelo exportador e importador.
“A partir do momento que o armador não consegue entrar em Itajaí ele procura outro porto. O complexo já perdeu quatro serviços de linhas de navegação, por isso a nova bacia de evolução tem de estar pronta o mais rapidamente possível”, afirma Ricardo Arten, diretor superintendente da APM Terminals no Brasil, que opera um terminal de contêineres em Itajaí.
Basicamente a obra consiste na construção de uma nova bacia de evolução que terá 480 metros de diâmetro, permitindo o giro de embarcações maiores. Com 390 metros de diâmetro, a atual configuração limita o porte das embarcações, impedindo que Itajaí entre na rotação dos maiores porta-contêineres em atuação no Brasil. “Com a nova bacia consigo movimentar 19 mil contêineres a mais por mês no terminal, são quase 55% a mais do volume que faço hoje”, afirma Arten.
A expectativa é que a assinatura do contrato com o vencedor da concorrência ocorra ainda neste ano e o início das obras se dê em janeiro, com perspectiva de conclusão no segundo semestre de 2015. O contrato compreenderá, também, dragagens e alargamento do canal de acesso.
Os estudos que balizaram o edital foram ofertados pelos terminais Portonave e APM Terminals, e custaram quase R$ 7 milhões. “Vamos melhorar e aumentar a nossa competitividade. Somos um porto abrigado, então temos uma vantagem sobre os portos abertos para o mar”, diz Carlo Bottarelli, presidente da Triunfo Participações e Investimentos, que controla a Portonave, terminal localizado em Navegantes, em frente à APM Terminals.
Nos últimos anos, o crescimento dos volumes no complexo do Itajaí perdeu fôlego também em razão do aumento da concorrência na região, com a entrada em operação do porto de Itapoá (SC), em 2011. No Paraná, o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), dono de uma das maiores produtividades entre os terminais do país, vem aumentando a atração de cargas provenientes de estados no Sudeste e Centro-Oeste devido principalmente a seus acessos ferroviários.
A segunda etapa da expansão ficará a cargo do governo federal e dotará o complexo para atender navios com 366 metros de comprimento – que ainda não estão no tráfego do Brasil. A previsão orçamentária é de R$ 208 milhões. Contemplará a realocação do molhe norte, possibilitando ampliar a largura do canal de acesso dos atuais 145 metros para 220 metros; a ampliação da bacia de evolução para 530 metros de diâmetro; e dragagens na bacia e canais de acesso.
“Se o valor for aprovado no orçamento do ano que vem, a licitação pode ser lançada mesmo que a primeira fase ainda não esteja concluída”, diz Antonio Ayres, superintendente do porto de Itajaí.
Fonte: Valor Econômico, Por Fernanda Pires
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