Tamanho da fatura foi apresentado por técnicos do governo ao economista Tony Volpon, da Nomura Securities, em encontros há pouco mais de uma semana em Brasília. Analistas discutem se essa conta deve ser cobrada de uma única vez ou gradualmente
ROSANA HESSEL
Se houver o tarifaço que muitos economistas prevêem para 2015, os brasileiros vão arcar com uma fatura pesada. A conta virá por meio dos reajustes dos preços represados da energia elétrica e dos combustíveis e pode variar entre 0,5% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB), algo entre R$ 23 bilhões e R$ 46 bilhões. Na pior das hipóteses, o desembolso equivalerá a quase o dobro dos R$ 25 bilhões gastos por ano com o Bolsa Família.
Esses números foram apresentados por representantes do governo a Tony Volpon, economista-chefe de Pesquisas para Mercados Emergentes da Nomura Securities em Nova York. Ele esteve em Brasília há pouco mais de uma semana e conversou com técnicos do Ministério da Fazenda e do Banco Central. Volpon citou os encontros em um relatório distribuído a clientes da instituição financeira.
Na avaliação do economista, não é à toa que o represamento dos preços administrados pelo governo Dilma Rousseff têm causado tanta comoção nos mercados, e entrou de vez no discurso dos candidatos à Presidência da República. Todos sabem que não haverá escapatória, seja quem for o vencedor das urnas em outubro próximo.
Esses números foram apresentados por representantes do governo a Tony Volpon, economista-chefe de Pesquisas para Mercados Emergentes da Nomura Securities em Nova York. Ele esteve em Brasília há pouco mais de uma semana e conversou com técnicos do Ministério da Fazenda e do Banco Central. Volpon citou os encontros em um relatório distribuído a clientes da instituição financeira.
Na avaliação do economista, não é à toa que o represamento dos preços administrados pelo governo Dilma Rousseff têm causado tanta comoção nos mercados, e entrou de vez no discurso dos candidatos à Presidência da República. Todos sabem que não haverá escapatória, seja quem for o vencedor das urnas em outubro próximo.
No mercado, há quem defenda que a fatura seja repassada à sociedade de uma vez só, mesmo que o impacto no custo de vida seja elevado. É o caso de Armínio Fraga, cotado para ser ministro da Fazenda em um eventual governo de Aécio Neves (PSDB). No entender de Armínio, num primeiro momento, a inflação subiria, mas, logo depois, as expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cairiam, porque os investidores teriam a confiança de que não seriam surpreendidos por políticas artificiais de contenção das tarifas públicas.
No caso de reeleição de Dilma Rousseff, a tendência é de recomposição gradual dos preços das energia, da gasolina e do diesel. Ela deixou isso claro em pronunciamento em rede nacional de rádio e tevê às vésperas do Primeiro de Maio. Parte da conta das tarifas públicas será paga, no entanto, de forma indireta, como vem ressaltando o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A ideia é aumentar impostos de bens de consumo. Ou seja, em vez cobrar o reajuste direto na conta de luz, o governo sustentaria subsídios à energia por meio do Tesouro Nacional, que engordaria o caixa com mais tributos.
Campanha
Em entrevista ao Correio, Volpon diz que não questionou os técnicos do governo sobre como eles chegaram à fatura que pode ser apresentada à sociedade em 2015. "Creio, porém, que parcela dessa conta será paga com mais tributos", destaca. Para ele, independentemente do tamanho dos reajustes da energia e dos combustíveis, o poder de compra dos consumidores vai diminuir, o que, mais à frente, ajudará no combate à inflação.
Segundo o economista José Matias-Pereira, professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB), a fatura do represamento dos preços administrados pode ser maior que a apresentada por técnicos do governo a Tony Volpon, chegando a R$ 50 bilhões. Diante disso, o próximo presidente da República terá que apresentar um planejamento muito claro para resolver esse passivo, recolocar o país nos eixos e retomar o crescimento econômico. "Do contrário, o Brasil continuará no grupo das nações que apresentam desempenhos medíocres quando se avalia o PIB", frisa.
Petrobras
No entender de Matias-Pereira, a conta da energia decorre da falta de planejamento do atual governo e de interesses políticos, já que a presidente Dilma Rousseff prometeu, em pronunciamento público, reduzir o preço médio da tarifa de luz em 20%. O problema é que isso foi feito sem um estudo adequado e sem uma negociação com as empresas do setor, que, agora, estão tendo de lidar com o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. "Trata-se de um processo insustentável", afirma.
Já no caso dos combustíveis, com a inflação se mantendo persistentemente próxima ao teto da meta, de 6,5%, o governo optou por impor perdas à Petrobras. A empresa importa gasolina e diesel a preços muito acima do que cobra dos consumidores brasileiros. Se a estatal equiparasse os valores aos praticados no mercado internacional, certamente o IPCA estaria rodando acima dos 7%.
"Essas políticas artificiais de controle da inflação não funcionam. Só criam distorções que custam caro à população", diz o professor da UnB, que completa: "Estamos assistindo ao resultado de uma política de governo temerária e irresponsável, com interesse eleitoreiro. Medidas populistas foram tomadas, e os governantes ficaram despreocupados em manter a economia sob controle".
» Recessão
Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, é preciso cautela ao avaliar o custo do represamento das tarifas públicas. Segundo ele, repassar, de uma única vez, essa fatura aos consumidores poderá levar o país à recessão. De toda forma, o Brasil terá de se livrar desse fardo, seja quem for o vencedor nas eleições de outubro próximo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário!
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.