quinta-feira, 15 de maio de 2014

Libra e MultiRio concluem a 1ª fase de expansão

RedacaoT1

Gioia e Carneiro: Libra e Multiterminais vão investir R$ 1 bilhão no porto do Rio, que está limitado no acesso por mar. Foto: Leo Pinheiro/Valor

O porto do Rio vive situação contraditória. Os grupos Multiterminais e Libra estão investindo R$ 1 bilhão até 2017 para aumentar a capacidade de seus terminais.

Parte das obras será concluída em outubro três anos depois de as duas empresas terem conseguido antecipar com o governo a renovação dos contratos de arrendamento, o que garantiu os investimentos. Mas a curto prazo os dois grupos e seus clientes, incluindo empresas de navegação, não vão se beneficiar plenamente dos projetos de expansão porque o porto do Rio continuará a conviver com restrições de acesso marítimo para a entrada de navios de maior porte.

O problema só será resolvido depois que for concluída a segunda fase de dragagem no porto carioca, cujo edital de licitação está pronto para ser publicado, o que só não ocorreu até agora devido aos problemas enfrentados em Santos.

No começo de abril, a licitação para contratar novas obras de dragagem para o porto de Santos terminou sem vencedores.

O ministro-chefe da Secretaria de Portos (SEP), Antônio Henrique Silveira, disse ao Valor que o edital de licitação da dragagem do Rio vai ser lançado até o fim do mês.

A SEP achou melhor esperar para lançar o edital para dragagem do Rio depois de revistas cláusulas do edital de Santos, de forma a evitar novo fracasso.

O problema é que mesmo que a licitação siga o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), mais ágil, as obras devem levar até 12 meses a partir da contratação. Em cenário otimista, a dragagem do Rio estaria concluída no fim de 2015.

Um primeiro aprofundamento do canal de acesso ao porto do Rio, para 15 metros, foi concluído em 2011 com investimentos de R$ 160 milhões. Mas as obras não permitiram que navios maiores entrassem no porto, acompanhando a tendência do mercado de embarcações porta-contêineres cada vez maiores.

No mercado, a avaliação é que o problema no acesso marítimo ao porto do Rio não é tanto de profundidade, mas de geometria.

O canal tem um “cotovelo” que dificulta a entrada de navios com mais de 300 metros de comprimento. Libra e Multiterminais gastaram R$ 20 milhões para alargar um trecho do canal e permitir a passagem de navios de 306 metros de comprimento. Segundo as empresas, falta somente fazer uma “limpeza” para retirada de pequeno volume de sedimentos no local.

A Capitania dos Portos do Rio de Janeiro (CPRJ), da Marinha, informou que todos os pedidos de dragagem efetuados pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) foram autorizados e que não existem pedidos de dragagem pendentes. Há ainda discussão judicial sobre disposição de materiais dragados.

O Ministério Público Estadual entrou com uma ação para suspender a disposição de material dragado em um ponto em mar-aberto, o “bota-fora” oceânico, denominado ponto F.

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) disse que a ação suspendeu os lançamentos no Ponto F até que o estudo de Avaliação Ambiental Integrada (AAI) da área de deposição seja concluído, o que deve ocorrer em 30 dias.

A Capitania dos Portos do Rio informou que o calado máximo recomendado para o porto é de 12,6 metros, o que permite a entrada de navios com no máximo 295 metros de comprimento e 42 metros de largura.

Navios de até 300 metros de comprimento podem entrar no porto em regime de manobra especial (luz do dia, dois práticos a bordo e maré cheia). O calado é o ponto mais baixo da quilha da embarcação.

Como resultado dessa situação, os terminais de contêineres viram uma linha de navegação que fazia o serviço para a Ásia deixar de escalar o Rio. Mas há expectativa de que a retomada do Programa Nacional de Dragagem (PND 2) leve os armadores de volta para o Rio.

A capacidade anual de movimentação de contêineres da Libra e da MultiRio vai passar de 1,2 milhão de TEUs (contêiner equivalente a 20 pés) para dois milhões de TEUs, a partir de 2015, aumento de 63%.

Juntas, as duas empresas terão cais contínuo de dois mil metros, incluindo Libra, MultiRio e MultiCar, empresa da Multiterminais que faz a movimentação de veículos.

Luiz Henrique Carneiro, presidente da MultiRio e MultiCar, disse que os projetos de expansão do grupo no porto do Rio somam R$ 500 milhões.

Deste total, R$ 280 milhões estão contratados e em vias de contratação ainda este mês. O montante inclui obras civis e compras de equipamentos. Até 2015 as empresas da Multiterminais vão investir mais R$ 220 milhões, incluindo a construção de um edifício-garagem e compra de outros equipamentos para movimentar cargas.

A capacidade estática da MultiCar vai sair de 7 mil para 12 mil veículos, aumento de 71%. Robledo Gioia, diretor de relações institucionais da Libra, disse que a empresa vai investir R$ 300 milhões em uma primeira fase, que estará concluída até outubro.

As obras incluem mais 170 metros de cais, 50 mil metros quadrados de área de armazenagem, a construção de um armazém de carga e equipamentos. Até 2017, a empresa investirá mais R$ 200 milhões.



Fonte: Valor Econômico, Por Francisco Góes

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