PELO QUARTO ANO SEGUIDO, PAÍS CAIU NO RANKING FEITO PELA ESCOLA SUÍÇA IMD, BASEADO EM PESQUISAS COM EXECUTIVOS
"Antes estávamos junto de Colômbia, México e Turquia; agora, de Argentina, Venezuela e Croácia", diz professor
MARIANA BARBOSA
Pelo quarto ano seguido, o Brasil perdeu competitividade no cenário internacional. O país ficou no 54º lugar em uma lista de 60 países no Índice de Competitividade Mundial da escola suíça IMD. Há quatro anos, o país ocupava a 38ª posição.
"Este ano não só perdemos em relação aos outros países como tivemos perda absoluta", diz Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, responsável pelos dados do Brasil na pesquisa. "Foi nosso pior desempenho. Desde 1996, nunca estivemos no último quartil do relatório [entre os 25% piores]."
O estudo é publicado desde 1989 e baseia-se na análise de dados estatísticos relativos a mais de 300 indicadores e em pesquisas de opinião com 4.000 executivos. No Brasil, de 1.000 executivos procurados, 100 responderam ao questionário.
Segundo Arruda, o desempenho do Brasil reflete a deterioração dos números da economia e também a percepção da classe empresarial.
"Pesou muito a perda de participação do Brasil no comércio internacional, diante da nossa falta de capacidade de exportar. Mantivemos a capacidade de compra das famílias, mas estamos deixando de ser um player global", diz Arruda.
Este ano, o Brasil ficou na última posição no indicador Taxa de Comércio Internacional pelo PIB. E na penúltima posição no indicador Exportação de Produtos pelo PIB.
Como ponto a favor do país Arruda destaca o tamanho da economia.
"Apesar da queda relativa em 2014, o tamanho da economia doméstica (7ª posição no indicador consumo das famílias), a atração de investimentos diretos (7ª posição) e o emprego (6ª posição) são dados de destaque para o Brasil. Esses resultados positivos são significativos, mas, sozinhos, já não sustentam o crescimento do sétimo maior PIB do mundo", diz Arruda.
Na avaliação do professor da Fundação Dom Cabral, o que mais pesou para o mau desempenho do país foi a perda de eficiência empresarial, resultante da combinação de baixo crescimento do PIB com crescimento do emprego de menor valor agregado.
"Não geramos emprego de alto valor e estamos perdendo exportação de produtos de maior tecnologia. O emprego e o consumo doméstico crescem, mas a riqueza não cresce na mesma proporção."
VIOLÊNCIA
Pela primeira vez desde o início da pesquisa, questões como segurança pública e violência urbana surgem como temas que, na percepção dos empresários, afetam a competitividade brasileira.
"Energia sempre aparece como um item caro. Mas, neste ano, além da questão do alto custo, há uma percepção de que o recurso pode se tornar escasso, prejudicando o crescimento", afirma.
Não foi só o Brasil que perdeu em competitividade. De modo geral, os países latinos e também os mais populosos, como China e Índia, ficaram estáveis ou caíram um pouco. "É inconcebível para um país como o Brasil ficar entre os dez últimos e seguir perdendo espaço a cada ano", diz ele.
"Nós mudamos de vizinhança. Antes estávamos ao lado de Colômbia, México e Turquia e agora nossos vizinhos de ranking são Argentina, Venezuela, Croácia e Grécia."
Para Arruda, o diagnóstico e o planejamento para destravar o país já existe. O problema está em tirar os projetos do papel.
"Há uma enorme distância entre a intenção de fazer e o que é feito na prática em termos de investimento em infraestrutura. Estamos perdendo competitividade por falta de implementação dos projetos."
EFICIÊNCIA DO GOVERNO
Desde 2011, o Brasil está entre os cinco piores países em termos de ambiente institucional e regulatório. "Historicamente, esse é o ponto mais crítico da competitividade do país", afirma.
"Temos um dos piores ambientes para se fazer negócios no mundo, com alta carga tributária direta e indireta, taxas de juros de curto e longo prazos que desestimulam o investimento na produção e no crescimento das empresas."
Do lado positivo, ele destaca o papel do BNDES no fomento ao setor privado.
"Este ano não só perdemos em relação aos outros países como tivemos perda absoluta", diz Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, responsável pelos dados do Brasil na pesquisa. "Foi nosso pior desempenho. Desde 1996, nunca estivemos no último quartil do relatório [entre os 25% piores]."
O estudo é publicado desde 1989 e baseia-se na análise de dados estatísticos relativos a mais de 300 indicadores e em pesquisas de opinião com 4.000 executivos. No Brasil, de 1.000 executivos procurados, 100 responderam ao questionário.
Segundo Arruda, o desempenho do Brasil reflete a deterioração dos números da economia e também a percepção da classe empresarial.
"Pesou muito a perda de participação do Brasil no comércio internacional, diante da nossa falta de capacidade de exportar. Mantivemos a capacidade de compra das famílias, mas estamos deixando de ser um player global", diz Arruda.
Este ano, o Brasil ficou na última posição no indicador Taxa de Comércio Internacional pelo PIB. E na penúltima posição no indicador Exportação de Produtos pelo PIB.
Como ponto a favor do país Arruda destaca o tamanho da economia.
"Apesar da queda relativa em 2014, o tamanho da economia doméstica (7ª posição no indicador consumo das famílias), a atração de investimentos diretos (7ª posição) e o emprego (6ª posição) são dados de destaque para o Brasil. Esses resultados positivos são significativos, mas, sozinhos, já não sustentam o crescimento do sétimo maior PIB do mundo", diz Arruda.
Na avaliação do professor da Fundação Dom Cabral, o que mais pesou para o mau desempenho do país foi a perda de eficiência empresarial, resultante da combinação de baixo crescimento do PIB com crescimento do emprego de menor valor agregado.
"Não geramos emprego de alto valor e estamos perdendo exportação de produtos de maior tecnologia. O emprego e o consumo doméstico crescem, mas a riqueza não cresce na mesma proporção."
VIOLÊNCIA
Pela primeira vez desde o início da pesquisa, questões como segurança pública e violência urbana surgem como temas que, na percepção dos empresários, afetam a competitividade brasileira.
"Energia sempre aparece como um item caro. Mas, neste ano, além da questão do alto custo, há uma percepção de que o recurso pode se tornar escasso, prejudicando o crescimento", afirma.
Não foi só o Brasil que perdeu em competitividade. De modo geral, os países latinos e também os mais populosos, como China e Índia, ficaram estáveis ou caíram um pouco. "É inconcebível para um país como o Brasil ficar entre os dez últimos e seguir perdendo espaço a cada ano", diz ele.
"Nós mudamos de vizinhança. Antes estávamos ao lado de Colômbia, México e Turquia e agora nossos vizinhos de ranking são Argentina, Venezuela, Croácia e Grécia."
Para Arruda, o diagnóstico e o planejamento para destravar o país já existe. O problema está em tirar os projetos do papel.
"Há uma enorme distância entre a intenção de fazer e o que é feito na prática em termos de investimento em infraestrutura. Estamos perdendo competitividade por falta de implementação dos projetos."
EFICIÊNCIA DO GOVERNO
Desde 2011, o Brasil está entre os cinco piores países em termos de ambiente institucional e regulatório. "Historicamente, esse é o ponto mais crítico da competitividade do país", afirma.
"Temos um dos piores ambientes para se fazer negócios no mundo, com alta carga tributária direta e indireta, taxas de juros de curto e longo prazos que desestimulam o investimento na produção e no crescimento das empresas."
Do lado positivo, ele destaca o papel do BNDES no fomento ao setor privado.
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