quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Arrocho confirmado

Brasil Econômico - 04/12/2014
Comitê de Política Monetária confirma as expectativas do mercado e eleva a Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,75%, consolidando um novo ciclo de aperto monetário.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) confirmou as previsões do mercado e elevou, por unanimidade, a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A elevação dos juros consolida um novo ciclo de aperto monetário, iniciado na última reunião do Copom, em outubro, quando a Selic subiu 0,25 ponto percentual, para 11,25%. De acordo com o comunicado do Copom, iniciado com o termo "neste momento", foram considerados "os efeitos cumulativos e defasados da política monetária, entre outros fatores". o Comitê também avaliou que o esforço adicional de política monetária "tende a ser implementado com parcimônia".A alta de juros, acompanhada pelo superávit primário estabelecido para 2015 pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sinaliza o compromisso do Governo Dilma Rousseff de ampliar os esforços para controlar a inflação, que excedeu o centro da meta do país nos últimos quatro anos.


Um dia depois de ser anunciado, Levy prometeu adotar maior disciplina fiscal e reduzir a dívida em um país onde o gasto público promoveu o maior aumento do déficit em mais de uma década. Levy também se comprometeu a combater o déficit orçamentário para reduzir a relação dívida/PIB que, ao longo de seu mandato no Tesouro Nacional, o Brasil caiu de60% para 48% do PIB. Para o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, o aumento de 0,50 ponto percentual na Selic é decorrente da preocupação do Banco Central de que a variação cambial pressione a inflação. Ele lembra que, no ano, o dólar já acumula alta de cerca de 9% e, se considerar o período de setembro até agora, o avanço é de 15%. "Essa alta tem impacto inflacionário e o BC está preocupado que provoque uma deterioração do ambiente inflacionário, o que exigiu uma ação mais firme". O economista também ressalta que a decisão vai ao encontro do que o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse ao ser confirmado no cargo pela presidente Dilma Roussef, de que a instituição irá trabalhar para colocar a inflação no centro da meta já em 2015. Rosa também observa que essa alta faz parte da estratégia do governo de recuperar a credibilidade perdida há algum tempo.

"Está coerente com a nova equipe econômica no sentido de recuperar o tripé econômico e a credibilidade", afirma. Rosa acredita que além do aumento de ontem, a Selic ainda irásubir mais duas vezes: uma alta de 0,50 ponto percentual e outra de 0,25 ponto percentual, chegando ao final do primeiro trimestre de 2015 em 12,50% ao ano e, ficando neste patamar até o final do ano, se não houver nenhum imprevisto. Para isso, ele estima que o IPCA ficará em 6,4% este ano e 6,8% no próximo. Já o dólar irá para R$ 2,60 e R$ 2,77, respectivamente. Para o economista-chefe da Órama Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, Álvaro Bandeira, a alta de 0,50 ponto percentual comprova a opção da autoridade monetária pelo gradualismo e sinaliza o compromisso com o equilíbrio das contas públicas.Mas ainda é cedo para traçar um perfil de atuação da nova equipe econômica. "Que era preciso elevar a Selic, todos concordavam.

A inflação precisa convergir rapidamente para o centro da meta, o que deve levar o BC a promover novos aumentos ao longo de 2015, com a taxa chegando a 12,5% até o final do ano". Para Bandeira, ainda é cedo prever o efeito da alta de juros sobre outros indicadores econômicos. Em relação ao câmbio, por exemplo, o economista-chefe da Órama não acredita na formação de uma tendência no momento. "Ainda há muito ruído gerado pelas intervenções do BC no câmbio, com rolagens das operações de swap". Segundo ele, a cotação do dólar ainda não é a ideal "O câmbio ainda está deslocado, o dólar precisa subir mais. Em compensação,Bandeira não acredita que os juros possam causar a queda da moeda da moeda americana. "A alta da Selic não vai necessariamente atrair mais dólares.

Os investidores vão optar por uma quarentena, observando quais as medidas que a equipe econômica ainda irá tomar, para então se posicionar melhor". ainda está muito deslocado, precisaria subir mais A decisão do Banco Central mostra que a autoridade monetária está menos tolerante em aceitar a inflação acima do centro dameta. A afirmação e do estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. O profissional lembra que o real está se desvalorizando desde a última reunião do Copom, quando a autoridade surpreendeu o mercado e elevou a taxa Selic em 0,25 pp. "Nada mudou desde a última reunião. O dólar continua subindo, a inflação está acima do teto da meta e as coletas de preços sugerem que a inflação continuará pressionada este mês e no início de 2015.

A decisão mostra que o BC vai seguir o centro da meta", diz. Rostagno ressalta ainda que além do câmbio, a inflação ainda será pressionada pelos preços administrados. "2015 será um ano bastante difícil para o BC. Tem reajuste dos administrados que já estão contratados e a inflação de serviços não tem cedido como se esperada. Cabe ao BC atacar a inflação de preços livres acelerando a Selic", avalia.O profissional também espera que a Selic chegue ao final do primeiro trimestre em 12,5% ao ano,mas estima que no final do período o BC tenha condições de reduzir, trazendo a taxa para 12% em dezembro. "Depois de março pode abrir espaço para corte de juro no final do ano, considerando que a política fiscal vai ser mais austera e irá trabalhar em conjunto com a política monetária. A queda, se acontecer, será muito mais por isso", avalia.

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