sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Dólar e juros caem após tom ameno do Fed

Valor Econômico - 19/12/2014
Silvia Rosa, José de Castro, Antonio Perez e Lucinda Pinto | De São Paulo

A sinalização do Federal Reserve (Fed, banco central americano), na quarta-feira, de que o aumento dos juros nos Estados Unidos será conduzido de forma gradual e mais adiante trouxe uma trégua na aversão a risco. Tal combinação levou ao recuo do dólar e das taxas de juros futuros no Brasil.

Os investidores reagiram ontem positivamente ao tom ameno do comunicado da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) de quarta-feira, divulgado após o fechamentos dos mercados no Brasil.

Apesar de reconhecer a melhora da economia americana, o Fed ponderou que deve conduzir o processo de alta de juros com "paciência". Para investidores, foi um sinal de que o processo de normalização da política monetária deve se dar de forma gradual, reduzindo a preocupação com uma antecipação da alta da taxa de juros nos EUA, esperada para meados de 2015.

A estabilização da queda do rublo, em torno de 61 por dólar, foi outro fator que contribuiu para reduzir a preocupação no mercado. O banco central da Rússia voltou a intervir no mercado vendendo dólares das reservas e mostrou disposição de recapitalizar o sistema financeiro na Rússia.

No mercado local, investidores aguardam o anúncio dos parâmetros da renovação do programa de venda diária de swaps cambiais pelo Banco Central. O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou nesta semana que o programa de intervenção será renovado, mas que o volume ofertado poderá ser reduzido, com uma banda entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões. Atualmente, a autoridade monetária oferta US$ 200 milhões diariamente.

Na avaliação do diretor de gestão de recursos da Ativa Investimentos, Arnaldo Curvello, a sinalização do Fed não deve mudar os planos do BC brasileiro com relação à política de atuação no câmbio. "Não são um ou dois dias de alívio no dólar que vão levar o BC a achar que o câmbio precisa de menos intervenção do que se espera."

O gestor de renda fixa e derivativos da Brasif Gestão, Henrique de la Rocque, tem avaliação semelhante. Para ele, a sinalização mais "dovish" (menos favorável ao aperto monetário) do Fed não muda a visão do mercado de que o BC seguirá com uma postura de redução gradual das intervenções no câmbio no próximo ano.

Com o alívio lá fora e a recuperação do real, as tesourarias reduziram parte dos prêmios carregados pelos juros futuros. Mais ligado à percepção de risco, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2021 caiu de 12,58% para 12,46%. O DI para janeiro de 2017 recuou de 13,01% para 12,94%.

Segundo o estrategista da Icap Corretora, Juliano Ferreira, depois da escalada dos prêmios na esteira do ataque à moeda russa, era de se esperar uma queda das taxas em um dia mais benigno no cenário externo. "Mas esse alívio é mais técnico. É difícil ver uma redução maior dos prêmios sem sinais concretos de melhora dos fundamentos domésticos", afirma Ferreira.

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