quinta-feira, 10 de abril de 2014

Cresce o uso do yuan no comércio exterior chinês

Valor Econômico - 10/04/2014
Por Assis Moreira | De Genebra

A China, primeiro exportador e segundo importador mundial de mercadorias, continua aumentando o uso de sua própria moeda nas transações comerciais com o resto do mundo, sinaliza o Banco Internacional de Compensações (BIS).

Segundo o BIS, uma espécie de banco dos bancos centrais, 17% do comércio global da China já foram faturados em yuan no ano passado, comparado a menos de 1% em 2009. O valor combinado das exportações e importações chinesas superou pela primeira vez a barreira dos US$ 4 trilhões em 2013.

Pagamentos entre empresas chinesas e parceiros no exterior normalmente são feitos em dólar ou euro. Mas Pequim está fazendo um esforço para acelerar a internacionalização de sua moeda.

Pesquisa do banco HSBC mostrou que, em 2012, boa parte das companhias chinesas estava disposta a oferecer desconto de 3% para fechar as operações de exportações e importações em yuan.

Notando que a elevação do poder econômico de um país é normalmente acompanhada pela aceitação de sua própria moeda, o HSBC prevê que o yuan poderá ser usado em 30% do total do comércio exterior chinês até o ano que vem.

Qinwei Wang, da consultoria Capital Economics, é mais prudente. Ele avalia que o rápido crescimento do yuan no comércio tem limites, até porque, "com a crescente preocupação com a saúde do mercado financeiro chinês, deve levar vários anos até que os controles de capital sejam flexibilizados fortemente, o que também é um freio para o uso do yuan".

Em apresentação recente num congresso sobre mercados financeiros, em Berlim, o diretor do Departamento Bancário do BIS, Peter Zoellner, destacou o crescente uso internacional do yuan, apesar de sua presença ainda pequena no mercado global de câmbio.

Nesse mercado que movimentava cerca de US$ 5,3 trilhões por dia, em média, em abril de 2013, data da última pesquisa do BIS, a parte envolvendo a moeda chinesa era de apenas 2%, ante 87% do dólar americano.

Em todo caso, "espera-se que o giro [no mercado de câmbio] e a alocação de reservas do banco central em yuans continuem crescendo em ritmo sustentável nos próximos anos", segundo afirmou o representante do BIS.

Ao mesmo tempo, a volatilidade da moeda chinesa aumentou recentemente e "a direção da moeda tornou-se mais incerta". Ele destacou também que um dos componentes da reforma financeira anunciada pelo governo chinês em novembro do ano passado inclui a transição para um regime de câmbio mais orientado para o mercado e aceleração da conversibilidade da conta de capital.

Para Zoellner, assim, não é surpreendente que o yuan deva gradualmente se tornar mais volátil.

Atualmente, o valor da moeda chinesa, que caiu 2,3% desde o começo do ano, ameaça alimentar de novo fricções entre Pequim e os Estados Unidos e a União Europeia. Washington e Bruxelas reclamam que uma divisa mais fraca dá aos exportadores chineses uma vantagem desleal frente aos concorrentes estrangeiros.

Analistas estimam, porém, que a China não tem pressa para frear a queda de sua moeda, apesar da pressão, sobretudo dos americanos. Em todo caso, a vantagem dos preços de mercadorias chinesas aumentou na ultima década, e a margem de lucro dos exportadores manteve-se relativamente boa. Os exportadores chineses conseguiram compensar o aumento de salários no país com melhora de produtividade. E a apreciação da moeda virou agora para uma ligeira desvalorização.

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