RedacaoT1
Crise argentina levou à queda de 32% no número de carros exportados. Algumas fábricas e montadoras estão mandando funcionários para casa.
O governo estuda mais incentivos para as montadoras de veículos, que têm estoques em alta e emprego em baixa. O setor se ressente da queda de vendas no mercado doméstico e de dificuldades para exportar.
É um setor que, sozinho, representa quase metade de tudo que é negociado entre Brasil e Argentina. Mas que sofreu um abalo, segundo a Anfavea.
A Associação dos Fabricantes de Veículos do Brasil diz que a crise no país vizinho provocou uma queda de 32% nas exportações de carros no primeiro trimestre deste ano.
A solução pode sair de uma reunião em Brasília, na terça-feira (29). Pelo menos, essa é a expectativa. Vão participar ministros e fabricantes de veículos dos dois países. As negociações começaram em janeiro.
O Brasil sinaliza com uma linha privada de crédito que dará um prazo de quatro meses para os argentinos quitarem as importações.
Para o presidente da Anfavea, Luiz Moan, é essencial destravar as exportações de carros e autopeças para a Argentina.
“As nossas exportações representam 15% da produção. O mercado argentino representa quase 80% das nossas exportações totais. Portanto, com um peso bastante grande no nível de produção e, consequentemente, no nível de estoque”, explica Luiz Moan.
Também são analisadas medidas para aquecer o mercado interno. Na segunda-feira (28), o ministro Guido Mantega confirmou que estuda formas de ajudar as montadoras.
“Nós temos praticado, digamos, estímulos para vários setores nos últimos anos. Principalmente os setores que mais explicam o crescimento do PIB ou que vão ter problema com emprego. Nós nunca deixamos um setor aumentar o desemprego. Sempre tomamos medidas”, declara Mantega.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio deu mais detalhes. Ele disse que o governo vai negociar com os bancos formas de facilitar o crédito.
As possibilidades são a diminuição do valor de entrada e a ampliação dos prazos para a compra de carros novos. Mauro Borges acredita que essas medidas devem ajudar.
“Elas são extremamente efetivas porque elas ampliam o investimento no país, mantêm o nível de consumo em um setor extremamente relevante para a indústria brasileira e incrementa as importações brasileiras”, diz Mauro Borges, ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Fábricas sem funcionários
Em todo o país, as montadoras já começaram a tomar medidas para reduzir a produção. Na região metropolitana de Curitiba, a Volkswagen mandou 400 funcionários para casa até outubro. A fábrica fica em São José dos Pinhais (PR).
Os contratos foram suspensos por cinco meses. Nesse tempo, os funcionários não vão trabalhar, só vão fazer cursos na montadora.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, esses trabalhadores receberão seguro-desemprego, parte do FGTS, pagamento de férias e uma compensação oferecida pela empresa. No fim das contas, esse pacote será equivalente ao salário deles.
Já a Volvo, que fabrica caminhões em Curitiba, estuda dar férias coletivas ou usar o banco de horas para dar folga aos funcionários. Em outras partes do país, as montadoras também tomam medidas para evitar demissões, como em Minas Gerais.
Em Juiz de Fora, 450 funcionários da Mercedes Benz já estão sem trabalhar. É metade da mão de obra da unidade. Os trabalhadores entraram em férias coletivas de 20 dias, tempo que vai ser descontado das férias anuais a que eles têm direito.
A fábrica produz caminhões, e a venda desses veículos é a que mais caiu no país no acumulado do ano. Em Minas Gerais, a produção também foi afetada em Betim. A Fiat programou férias para 1.700 funcionários.
Em São Paulo, o número de trabalhadores parados nas montadoras chegou a mais de 10 mil. Em São Caetano do Sul, no ABC paulista, o principal pólo da indústria automobilística nacional.
Na cidade, fica uma das fábricas da General Motors e, segundo o sindicato, voltaram ao trabalho hoje cerca de seis mil metalúrgicos que estavam em férias coletivas.
Segundo uma apuração feita pelo Jornal da Globo, pelo menos 4.300 trabalhadores estão em férias nas fábricas de outras montadoras no estado de São Paulo. Muitas delas também abriram um plano de demissão voluntária.
Até no setor de autopeças já tem empresa mandando os funcionários temporariamente para casa. Tudo isso pra evitar demissões e também para ajustar os estoques.
Fonte: Jornal da Globo, Por Giovana Teles, Malu Mazza, Augusto Medeiros e Janaína Lepri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário!
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.