Valor Econômico - 16/04/2014
O ano parecia ter começado bem para a indústria. A produção cresceu 3,8% em janeiro e 0,4% em fevereiro. Apesar da desaceleração, o desempenho foi saudado como na medida certa para recuperar a queda dos últimos dois meses de 2013. Os ventos podem estar mudando de direção.
Mais preocupante agora é o acúmulo de estoques, causado por vendas inferiores às esperadas, que deve repercutir negativamente na produção. Levantamento que acaba de ser divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, em 14 setores analisados, os estoques de março cresceram em nove em comparação com fevereiro e em 11 em comparação com dezembro.
Pátios cheios de veículos estacionados não são um problema que aflige exclusivamente as montadoras.
Os produtos não vendidos podem não estar ao relento, mas se amontoam em indústrias de vestuário, produtos têxteis, calçados, mecânicas e empresas de material de transporte, material elétrico e produtos químicos, entre outras. Segundo o levantamento da FGV, os estoques industriais atingiram, em março, o índice mais elevado desde outubro de 2011 e não serão absorvidos facilmente.
Nas montadoras, os estoques subiram de 37 dias de venda em fevereiro para 48 dias em março, com a queda de 2,1% das compras no varejo no primeiro trimestre. Diante disso, as empresas adotaram os procedimentos usuais de dar férias coletivas aos funcionários, suspender contratos de trabalho e até lançar programas de demissão voluntária no início deste mês, além de terem reforçado a pressão para o governo rever a decisão de recompor o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), processo que começou na virada do ano.
Aparentemente, a indústria automobilística não levou em conta a perspectiva de elevação do IPI nem os sinais negativos emitidos há tempos pela Argentina, o principal mercado externo para seus produtos, ao programar a produção no início do ano, que deu um salto de 9,1% em janeiro e de 7% em fevereiro, sendo em boa parte responsável pelo crescimento da indústria no período.
Alguns outros setores que amargam estoques elevados no momento também estiveram entre os que mais ampliaram as atividades no início do ano. Um deles é o de material eletrônico e aparelhos de comunicação, cuja produção saltou 35,4% no primeiro bimestre, embalada pela antecipação para a Copa do Mundo. Mas esse é um segmento cujas vendas devem se aquecer mais nos próximos meses.
Não se pode garantir o mesmo para a indústria de vestuário e acessórios, que está bem estocada e aumentou a produção em 12,3% no primeiro bimestre em comparação com igual período de 2013.
Entre os setores mais estocados, destacam-se o de bens de capital, cuja produção saltou 8% no primeiro bimestre; e o de bens de consumo duráveis, que ampliou a produção em 6,9% no mesmo período. Já o de bens de consumo não duráveis cresceu apenas 0,1% e também está estocado.
Há quem diga que o aumento de estoques é típico em todo começo de ano. No entanto, outros fatores indicam que o escoamento da produção industrial pode não ser mais fácil nos próximos meses. Reforçam os problemas do mercado externo o comportamento do câmbio que voltou ao patamar de R$ 2,20, depois de ter atingido R$ 2,45. Os juros mais altos desestimulam os investimentos e as compras do consumidor. O risco de racionamento de energia também é um poderoso inibidor dos investimentos, além de contribuir para reduzir a confiança do produtor e do consumidor. Além disso, os problemas fiscais restringem a capacidade do governo de conceder estímulos à indústria como no passado.
Por conta desses problemas, a expectativa é que a indústria não manterá o ritmo vigoroso de expansão da produção do início do ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu a expectativa de crescimento da indústria neste ano de 2% para 1,7%. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) está mais pessimista e projeta crescimento de 0,8%, abaixo dos 2% do início do ano. Ainda assim, está mais otimista que o Banco Central (BC) que, no mais recente relatório de inflação, cortou de 1,9% para 0,5% a expansão esperada para a indústria neste ano. A Pesquisa Focus, que o BC realiza junto a cerca de 100 instituições financeiras e consultorias, também aderiu à onda de revisões e cortou de 1,5% para 0,7% a expansão esperada para a indústria neste ano.
Mais preocupante agora é o acúmulo de estoques, causado por vendas inferiores às esperadas, que deve repercutir negativamente na produção. Levantamento que acaba de ser divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, em 14 setores analisados, os estoques de março cresceram em nove em comparação com fevereiro e em 11 em comparação com dezembro.
Pátios cheios de veículos estacionados não são um problema que aflige exclusivamente as montadoras.
Os produtos não vendidos podem não estar ao relento, mas se amontoam em indústrias de vestuário, produtos têxteis, calçados, mecânicas e empresas de material de transporte, material elétrico e produtos químicos, entre outras. Segundo o levantamento da FGV, os estoques industriais atingiram, em março, o índice mais elevado desde outubro de 2011 e não serão absorvidos facilmente.
Nas montadoras, os estoques subiram de 37 dias de venda em fevereiro para 48 dias em março, com a queda de 2,1% das compras no varejo no primeiro trimestre. Diante disso, as empresas adotaram os procedimentos usuais de dar férias coletivas aos funcionários, suspender contratos de trabalho e até lançar programas de demissão voluntária no início deste mês, além de terem reforçado a pressão para o governo rever a decisão de recompor o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), processo que começou na virada do ano.
Aparentemente, a indústria automobilística não levou em conta a perspectiva de elevação do IPI nem os sinais negativos emitidos há tempos pela Argentina, o principal mercado externo para seus produtos, ao programar a produção no início do ano, que deu um salto de 9,1% em janeiro e de 7% em fevereiro, sendo em boa parte responsável pelo crescimento da indústria no período.
Alguns outros setores que amargam estoques elevados no momento também estiveram entre os que mais ampliaram as atividades no início do ano. Um deles é o de material eletrônico e aparelhos de comunicação, cuja produção saltou 35,4% no primeiro bimestre, embalada pela antecipação para a Copa do Mundo. Mas esse é um segmento cujas vendas devem se aquecer mais nos próximos meses.
Não se pode garantir o mesmo para a indústria de vestuário e acessórios, que está bem estocada e aumentou a produção em 12,3% no primeiro bimestre em comparação com igual período de 2013.
Entre os setores mais estocados, destacam-se o de bens de capital, cuja produção saltou 8% no primeiro bimestre; e o de bens de consumo duráveis, que ampliou a produção em 6,9% no mesmo período. Já o de bens de consumo não duráveis cresceu apenas 0,1% e também está estocado.
Há quem diga que o aumento de estoques é típico em todo começo de ano. No entanto, outros fatores indicam que o escoamento da produção industrial pode não ser mais fácil nos próximos meses. Reforçam os problemas do mercado externo o comportamento do câmbio que voltou ao patamar de R$ 2,20, depois de ter atingido R$ 2,45. Os juros mais altos desestimulam os investimentos e as compras do consumidor. O risco de racionamento de energia também é um poderoso inibidor dos investimentos, além de contribuir para reduzir a confiança do produtor e do consumidor. Além disso, os problemas fiscais restringem a capacidade do governo de conceder estímulos à indústria como no passado.
Por conta desses problemas, a expectativa é que a indústria não manterá o ritmo vigoroso de expansão da produção do início do ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu a expectativa de crescimento da indústria neste ano de 2% para 1,7%. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) está mais pessimista e projeta crescimento de 0,8%, abaixo dos 2% do início do ano. Ainda assim, está mais otimista que o Banco Central (BC) que, no mais recente relatório de inflação, cortou de 1,9% para 0,5% a expansão esperada para a indústria neste ano. A Pesquisa Focus, que o BC realiza junto a cerca de 100 instituições financeiras e consultorias, também aderiu à onda de revisões e cortou de 1,5% para 0,7% a expansão esperada para a indústria neste ano.
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