terça-feira, 22 de abril de 2014
Em 3 anos, Brasil importou US$ 141 bi em máquinas
A Abimaq adverte que, apesar do grande volume de investimentos realizados, os recursos não estariam contemplando fornecedores locais
Foto: KLÉBER A. GONÇALVES
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) indica que, nos últimos três anos, o País importou mais de US$ 141 bilhões em máquinas, peças e embarcações.
Os dados, referente à importações beneficiadas pelo regime especial de tributação (Repetro), são da Receita Federal, e foram obtidos por meio da Lei de Acesso a Informação.
Segundo o levantamento, somente em 2013, foram investidos US$ 35 bilhões, em embarcações, entre navios de apoio e plataformas para o mercado de óleo e gás offshore.
As importações, na avaliação do presidente executivo da Abimaq, José Velloso, reforçam as críticas de que a política de conteúdo local é limitada no País.
Apropriação
“O estaleiro se apropriou de todos os benefícios concedidos, ampliou a margem de lucro e não repassou os benefícios para a cadeia local”, questiona Velloso.
Apesar de os investimentos da Petrobras em exploração e produção terem crescido mais de 509%, em dez anos, a indústria local de peças e equipamentos navais viu menos de um décimo desse montante, com alta de apenas 41% na sua produção.
O levantamento Abimaq tem como base a produção de suas 6.800 empresas associadas no período entre 2003 e 2013.
“Os números indicam que o conteúdo local fica restrito a soldas de chapa e pintura, mas o recheio dos navios, que gera valor agregado, é importado. Só temos uma indústria de casco”, avalia José Velloso. Segundo ele, os estaleiros não repassam aos demais elos da indústria naval os benefícios, como isenções fiscais, crédito do BNDES e do Fundo de Marinha Mercante, entre outros. “Para cada emprego que o estaleiro cria, poderíamos criar outros dez”.
Bens de capital
Nos últimos dez anos, o setor viu cair sua participação na produção de bens de capital de 19%, para 5%, em relação aos investimentos da Petrobras em óleo e gás.
“Isso considerando também os gastos com manutenção dos equipamentos, e não de produção”, ressalta o professor da Fundação Getúlio Vargas e ex-diretor da Petrobras, Alberto Machado.
Segundo ele, a base de cálculo sobre o conteúdo local gera distorções, que prejudicam a indústria local de peças e máquinas.
“Temos escala, mercado e tecnologia, mas não há produção pelo Custo Brasil. Seria preciso mais transparência na avaliação do conteúdo local e estender o Repetro para as indústrias de base, e garantir a proteção para o produto nacional frente ao importado”, completa.
Para o assessor da Petrobras, Paulo Alonso, para dar suporte às demandas da Estatal nos próximos cinco anos, a indústria local precisa ganhar competitividade no cenário exterior é “ser inovadora”. “Queremos comprar o conteúdo local, mas não a qualquer preço. É preciso vencer a curva de aprendizado, mas isso é como trocar as peças com o avião voando”, afirma Alonso.
Fonte: Diário do Nordeste
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