quinta-feira, 17 de abril de 2014

Química inicia ano com preços reduzidos e auxilia a balança

Brasil Econômico - 17/04/2014

A indústria química e farmoquímica, setor de maior peso na balança comercial, responsável por 18% das importações, à frente dos ele- troeletrônicos, iniciou o ano com um desempenho favorável para o comércio exterior. Por causa da re­dução média de preços de seus produtos de 6%, comparada a igual período de 2014, o valor das importações caiu 3,7%, mesmo diante de um aumento do volume de compras de 2,2%, segundo da­dos da Associação Brasileira da In­dústria Química (Abiquim). A di­ferença entre queda de custo e al­ta da demanda se explica no câm­bio, após cerca de um ano de valo­rização do dólar frente ao real. Es­sa é uma "boa notícia para o gover­no", considerando o registro, em 2013, do pior saldo da balança co­mercial desde 2000, de US$ 2,56 bilhões, salienta o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Fernando Ribeiro.

As compras externas do setor passaram de US$ 10,1 bilhões, de janeiro a março de 2013, para US$ 9,7bilhões, em igual período des­te ano. Essa é uma reversão de ce­nário, após dois anos em que as condições de mercado eram desfa­voráveis ao Brasil, ressalta Ribei­ro. Naquele período, os preços dos produtos exportados caíam mais do que os dos importados. "Para a balança, o resultado dos químicos ajuda, porque parte da piora da balança nos últimos dois anos teve a ver com os termos de troca". Como para este ano a ex­pectativa é que as commodities, principal pauta de exportação bra­sileira, não tenham a mesma valo­rização do ano passado, notícias de queda de preços de importa­dos são bem-vindas, diz Ribeiro.

"Mas é cedo para afirmar que o desempenho do setor no primeiro trimestre seja uma tendência para todo o ano", complementa. Pelas contas da Abiquim, 2014 fechará com déficit de US$ 32 bilhões, o mesmo do ano passado. Embora o comportamento do câmbio em 2013 tenha ajudado no resultado da balança em dólar e aberto espa­ço para negociações de preço que compensem aumentos de custo em real, as importações de quími­cos seguem uma dinâmica estru­tural, e não conjuntural, afirma a diretora de Assuntos de Comércio

Exterior da Abiquim, Denise Na­ranjo. Por isso, qualquer perspec­tiva de mudança só considera o longo prazo.

O que está ocorrendo neste iní­cio de ano, na verdade, é uma de­saceleração do déficit comercial do setor. "Estávamos comuma lo­comotiva a todo vapor. A queda de preços serviu apenas como freio", avalia Denise.
A análise da diretora da Abiquim é que muitos são os motivos a contribuir para que o setor per­maneça deficitário. Mas ela resu­me na competitividade, assim co­mo representantes de outros seg­mentos industriais manufatureiros, a exigência permanente de importação, causa recorrente do déficit comercial.

"Mesmo nos melhores mo­mentos da balança comercial brasileira, esse foi um setor deficitá­rio", lembra Ribeiro.

No primeiro trimestre deste ano, de supersafra agrícola, o sal­do de intermediários para fertili­zantes, por exemplo, já acumula déficitde US$1,142 bilhão. Em vo­lume, esse é o produto de maior dependência externa no grupo de químicos. De janeiro a março, o saldo entre aquisição e venda foi de 3,74bilhões de toneladas.

O segundo maior peso parte dos medicamentos para uso humano, que geraram déficit no mesmo pe­ríodo US$ 1,143 bilhão, frente a um saldo de 2,7 milhões de toneladas.

Além da necesssidade de im­portação por causa da inexistên­cia de similares produzidos no país, a indústria consumidora na­cional convive ainda com a com­petição do mercado externo.

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