Fernanda Nunes
Os preceitos válidos até 2008 não servirão daqui para frente, disse a presidente do Fundo, Christine Lagarde
Os bancos centrais do mundo todo foram convocados pela presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, a se adequarem ao que seria, em suas palavras, uma nova ordem de normalidade na economia mundial, um momento próximo de ocorrer, quando, finalmente, terá ficado para trás a crise econômica de EUA e Europa. Emdiscurso a representantes de autoridades monetárias reunidas no último domingo, na Universidade de George Washington, Lagarde provocou o debate sobre qual seria o papel dos bancos centrais nessa New Normal, termo utilizado para referir-se a um cenário econômico pós-crise, porém diferente daquele no qual as economias mundiais estavam inseridas até a quebra do Lehman Brothers.
No Brasil, a ordenação das economias americana e europeia pode ter uma perspectiva diferente da anunciada por Lagarde e exigir atuação apropriada do BC, dizem especialistas. "O sentido de normalidade difere entre os países desenvolvidos e emergentes. Nos desenvolvidos, os bancos centrais terão que atuar com mais cuidado, porque ainda há fragilidades, a relação entre dívida e PIB ainda está muito alta na Europa e os BCs terão que estar atentos para que as economias continuem crescendo. Entre os emergentes, a alta dos juros já está acontecendo. Mas, por sua vez, os países têm que fazer reformas. Não podem continuar crescendo somente com capital estrangeiro", analisa o ex-diretor do Banco Central e economistachefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas.
Avisão do FMI é de que há questões abrangentes a serem respondidas pelas autoridades monetáriasde todos os países sobre suas atuações daqui para frente. É questionada, por exemplo, a independência dos bancos centrais em um cenário econômico mundial cada vez mais conectado. E se a atuação das autoridades monetárias visa à estabilidade ou deve ser mais flexível, conforme as exigências temporais. Essas foram algumas questões colocadas por Lagarde à plateia de economistas, em uma tentativa de provocar os fundamentos monetaristas pré-crise, como o de que o objetivo da política monetária é fundamentalmente o de manter a estabilidade dos preços.
Fernando Nogueira da Costa, ex-vice-presidente da Caixa Econômica e professor da Unicamp, defende o desempenho do mercado de trabalho como umfator preponderante a balizar a atuação dos bancos centrais, além da inflação. "No fim, o que importa é o bem estar da população, e não há ciência sobre isso. É umfato", afirma. Especificamente sobre o Banco Central brasileiro, Costa não vê grandes mudanças a serem feitas. "Desde 2010, o BC e o Ministério da Fazenda passaram a coordenar suas ações. É um ensinamento básico de macroeconomia: política monetária, cambial, fiscal e controle de capital têm que estar combinados para evitar inflação de demanda".
Para Freitas, o dever de casa no Brasil passa pela reestruturação fiscal antes que os juros voltem a subir nos Estados Unidos e na Europa. "Mas ainda dá tempo, os juros não vão subir tão drasticamente. É preciso aproveitar essa fase".
Freitas e Costa concordam, no entanto, que, após 2008, a autorregulação de mercado deixou de ser um consenso. Estão em linha com o que discursou Lagarde: "Políticas monetárias e bancos centrais não retornarão para onde estavam quando a crise nos deixar".
Avisão do FMI é de que há questões abrangentes a serem respondidas pelas autoridades monetáriasde todos os países sobre suas atuações daqui para frente. É questionada, por exemplo, a independência dos bancos centrais em um cenário econômico mundial cada vez mais conectado. E se a atuação das autoridades monetárias visa à estabilidade ou deve ser mais flexível, conforme as exigências temporais. Essas foram algumas questões colocadas por Lagarde à plateia de economistas, em uma tentativa de provocar os fundamentos monetaristas pré-crise, como o de que o objetivo da política monetária é fundamentalmente o de manter a estabilidade dos preços.
Fernando Nogueira da Costa, ex-vice-presidente da Caixa Econômica e professor da Unicamp, defende o desempenho do mercado de trabalho como umfator preponderante a balizar a atuação dos bancos centrais, além da inflação. "No fim, o que importa é o bem estar da população, e não há ciência sobre isso. É umfato", afirma. Especificamente sobre o Banco Central brasileiro, Costa não vê grandes mudanças a serem feitas. "Desde 2010, o BC e o Ministério da Fazenda passaram a coordenar suas ações. É um ensinamento básico de macroeconomia: política monetária, cambial, fiscal e controle de capital têm que estar combinados para evitar inflação de demanda".
Para Freitas, o dever de casa no Brasil passa pela reestruturação fiscal antes que os juros voltem a subir nos Estados Unidos e na Europa. "Mas ainda dá tempo, os juros não vão subir tão drasticamente. É preciso aproveitar essa fase".
Freitas e Costa concordam, no entanto, que, após 2008, a autorregulação de mercado deixou de ser um consenso. Estão em linha com o que discursou Lagarde: "Políticas monetárias e bancos centrais não retornarão para onde estavam quando a crise nos deixar".
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