quarta-feira, 2 de maio de 2012

Greve pode piorar situação do aeroporto de Londres



As tentativas de reduzir as filas de imigração no aeroporto de Heathrow, em Londres, antes da Olímpiada, sofreram um novo golpe na quarta-feira, quando um segundo sindicato que representa os funcionários da imigração anunciou uma greve para 10 de maio, ameaçando aumentar ainda mais o tempo de espera para as pessoas que chegam aos aeroportos britânicos.
O Sindicato dos Serviços de Imigração, que representa 4.500 funcionários da imigração e alfândega, disse que notificou o governo sobre sua intenção de realizar uma greve de 24 horas em 10 de maio, ligada a uma disputa sobre reforma de pensões. Ele junta-se ao Sindicato dos Serviços Públicos e Comerciais, que representa 12.000 empregados da Agência de Fronteiras e já havia anunciado uma greve para o mesmo dia. Ambos os sindicatos disseram que não descartam fazer outra greve em junho se não houver um acordo.
O anúncio acontece um dia depois que o governo começou a tomar medidas para trazer mais funcionários de imigração para Heathrow, visando aliviar a falta de pessoal responsável por esperas de duas horas ou mais no setor de controle de passaporte do aeroporto.
O governo está intervindo para sanar o problema antes que esse aeroporto internacional, o mais movimentado do mundo, tenha que absorver um número estimado de 600.000 visitantes estrangeiros que virão assistir aos Jogos Olímpicos em julho — tarefa que ele terá que realizar lidando com a escassez de pessoal na imigração.
O governo decidiu, na terça-feira, contratar mais agentes para lidar com a esperada multidão de visitantes, depois dos cortes de pessoal feitos pela Agência de Fronteiras do país para atender à ampla campanha de austeridade do governo.
A agência, responsável pelo controle de passaportes em todos os portos de entrada, está sendo forçada a reduzir seu orçamento em 20% até 2015, como parte dos cortes de gastos de 79 bilhões de libras (US$ 128,5 bilhões) que o governo está implementando para combater o déficit orçamentário do país.
O Sindicato de Serviços Públicos e Comerciais, ou PCS na sigla em inglês, disse que a Agência de Fronteiras já cortou 5.500 dos 7.000 postos de trabalho que pretende eliminar.
Os problemas vêm aumentado há semanas, e celebridades, políticos e estrelas do esporte — além de passageiros comuns — têm mandado tweets relatando esperas de duas horas ou mais para passar pelo controle de passaporte no aeroporto.
As companhias aéreas e a BAA, a operadora de Heathrow, entraram na disputa, alegando que o problema está prejudicando a reputação da Grã-Bretanha como destino turístico e de negócios em um momento crucial.
A relação do governo com as aéreas e com líderes empresariais já estava estremecida, desde que a coalizão governamental anterior barrou os planos da BAA para construir uma terceira pista.
Com o governo intensificando sua resposta à crise, o ministro da Imigração, Damian Green, foi para Heathrow na terça-feira para prometer pessoal extra, transferido de outros aeroportos britânicos.
O problema também aterrissou na mesa do primeiro-ministro David Cameron.
"Sem dúvida, uma espera de mais de 90 minutos no controle de passaportes é um tempo longo demais", disse um porta-voz de Cameron.
O sindicato PCS disse que o governo precisa dar uma solução de longo prazo para o problema, que vá além da Olimpíada.
"Trazer pessoal de outras áreas de uma agência já sobrecarregada é como colocar um esparadrapo num ferimento grave; não poderá impedir que o inevitável aconteça", disse Mark Serwotka, secretário-geral do sindicato.
"Todos podem ver que a obsessão do governo com a austeridade não está dando certo. O que [a Agência de Fronteira] precisa é de mais pessoal, não de mais cortes", acrescentou.

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