Por AINSLEY THOMSON - THE WALL STREET JOURNAL
As tentativas de reduzir as filas de imigração no aeroporto de Heathrow, em Londres, antes da Olímpiada, sofreram um novo golpe na quarta-feira, quando um segundo sindicato que representa os funcionários da imigração anunciou uma greve para 10 de maio, ameaçando aumentar ainda mais o tempo de espera para as pessoas que chegam aos aeroportos britânicos.
O Sindicato dos Serviços de Imigração, que representa 4.500 funcionários da imigração e alfândega, disse que notificou o governo sobre sua intenção de realizar uma greve de 24 horas em 10 de maio, ligada a uma disputa sobre reforma de pensões. Ele junta-se ao Sindicato dos Serviços Públicos e Comerciais, que representa 12.000 empregados da Agência de Fronteiras e já havia anunciado uma greve para o mesmo dia. Ambos os sindicatos disseram que não descartam fazer outra greve em junho se não houver um acordo.
O anúncio acontece um dia depois que o governo começou a tomar medidas para trazer mais funcionários de imigração para Heathrow, visando aliviar a falta de pessoal responsável por esperas de duas horas ou mais no setor de controle de passaporte do aeroporto.
O governo está intervindo para sanar o problema antes que esse aeroporto internacional, o mais movimentado do mundo, tenha que absorver um número estimado de 600.000 visitantes estrangeiros que virão assistir aos Jogos Olímpicos em julho — tarefa que ele terá que realizar lidando com a escassez de pessoal na imigração.
O governo decidiu, na terça-feira, contratar mais agentes para lidar com a esperada multidão de visitantes, depois dos cortes de pessoal feitos pela Agência de Fronteiras do país para atender à ampla campanha de austeridade do governo.
A agência, responsável pelo controle de passaportes em todos os portos de entrada, está sendo forçada a reduzir seu orçamento em 20% até 2015, como parte dos cortes de gastos de 79 bilhões de libras (US$ 128,5 bilhões) que o governo está implementando para combater o déficit orçamentário do país.
O Sindicato de Serviços Públicos e Comerciais, ou PCS na sigla em inglês, disse que a Agência de Fronteiras já cortou 5.500 dos 7.000 postos de trabalho que pretende eliminar.
Os problemas vêm aumentado há semanas, e celebridades, políticos e estrelas do esporte — além de passageiros comuns — têm mandado tweets relatando esperas de duas horas ou mais para passar pelo controle de passaporte no aeroporto.
As companhias aéreas e a BAA, a operadora de Heathrow, entraram na disputa, alegando que o problema está prejudicando a reputação da Grã-Bretanha como destino turístico e de negócios em um momento crucial.
A relação do governo com as aéreas e com líderes empresariais já estava estremecida, desde que a coalizão governamental anterior barrou os planos da BAA para construir uma terceira pista.
Com o governo intensificando sua resposta à crise, o ministro da Imigração, Damian Green, foi para Heathrow na terça-feira para prometer pessoal extra, transferido de outros aeroportos britânicos.
O problema também aterrissou na mesa do primeiro-ministro David Cameron.
"Sem dúvida, uma espera de mais de 90 minutos no controle de passaportes é um tempo longo demais", disse um porta-voz de Cameron.
O sindicato PCS disse que o governo precisa dar uma solução de longo prazo para o problema, que vá além da Olimpíada.
"Trazer pessoal de outras áreas de uma agência já sobrecarregada é como colocar um esparadrapo num ferimento grave; não poderá impedir que o inevitável aconteça", disse Mark Serwotka, secretário-geral do sindicato.
"Todos podem ver que a obsessão do governo com a austeridade não está dando certo. O que [a Agência de Fronteira] precisa é de mais pessoal, não de mais cortes", acrescentou.
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