Marta Watanabe
De São Paulo
A valorização mais recente do real frente ao dólar resultou em queda de rentabilidade do exportador brasileiro em abril. Com ganho de margem desde novembro do ano passado, o exportador viu o sinal se inverter em abril, quando a rentabilidade caiu 0,9%, na comparação com o mesmo mês de 2013. No acumulado do quadrimestre ainda há ganho de rentabilidade, de 4,4% contra iguais meses do ano passado. Os dados são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
Analistas veem, porém, tendência de rentabilidade em queda para os próximos meses. Além da redução nos preços de exportação, a variação do câmbio deve deixar de ter o efeito mais positivo que vinha apresentando até o início do ano para a rentabilidade do exportador. Isso porque o processo de desvalorização do real se intensificou no segundo semestre de 2013, quando o preço do dólar atingiu patamar mais alto do que os atuais. No primeiro semestre do ano passado, o dólar - levando em conta a Ptax - custou, em média, R$ 2,03. No segundo semestre de 2013 a cotação subiu para R$ 2,28.
Apesar da apreciação mais recente do real, abril ainda registrou desvalorização cambial de 11,5% em relação ao mesmo mês de 2013. Esse nível de desvalorização, porém, não foi suficiente para compensar os efeitos da queda de 6% nos preços de exportação e da elevação de 5,8% no custo de produção. Por isso houve queda na margem de lucro do exportador. No acumulado até abril o nível de desvalorização de 16,7% ainda foi suficiente para compensar a queda de 5,3% nos preços e a elevação de 6% nos custos de produção.
Mas a tendência, diz Rodrigo Branco, pesquisador do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento da Uerj (Cedes /Uerj), é que o comportamento da rentabilidade de abril permaneça para os próximos meses. Ou seja, o nível de desvalorização cambial provavelmente não irá compensar a pressão da queda de preços e da alta de custos sobre a margem de lucro. "A partir de agora, em relação ao ano passado, teremos base de comparação com patamares mais depreciados do real frente ao dólar. Além disso, os preços de exportação devem continuar caindo e não há sinalização de que o custo de produção possa recuar."
Daiane Santos, economista da Funcex, diz que o recuo da rentabilidade total é esperado para os próximos meses, levando em conta cenário no qual o processo mais recente de valorização da moeda deve se manter por conta de uma política cambial voltada para o controle da inflação. Ao mesmo tempo os preços de exportação devem continuar em tendência de recuo. A alta do preço do petróleo bruto, importante item da pauta, será superada pela diminuição do preço da soja triturada, do café em grãos e do minério de ferro e derivados, prevê Daiane.
Além disso, há a expectativa de elevação de custos de produção por conta do aumento do preço da tarifa de energia elétrica. Em abril, diz Daiane, os salários exerceram forte pressão sobre o custo. A mão de obra é, em média, cerca de 17% do custo da indústria exportadora.
"No acumulado do ano, o preço das exportações e o custo de produção variaram em sentidos opostos, configurando o pior cenário possível para a rentabilidade não fosse pela forte desvalorização cambial no período. Com a valorização do real também em maio e novas quedas de rentabilidade, porém, os ganhos do acumulado do ano também tendem a cair".
Os dados da Funcex indicam que a queda dos preços de exportação se acentuou recente mente. Enquanto a queda de preços foi de 6% em abril contra igual mês do ano passado, o recuo em doze meses foi de 4,3%.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que os preços podem ter maior queda no segundo semestre, por influência de itens importantes na pauta de exportação brasileira, como minério de ferro, soja e café.
O minério de ferro, diz, está cotado a menos de US$ 90 a tonelada, levando em conta valores FOB. Castro estima que a média de preço do item neste ano fique entre US$ 87 e US$ 89 a tonelada, bem menor que a média de US$ 98 a tonelada verificado em 2013. A soja também deve perder preço no segundo semestre, com a queda do volume de embarques brasileiros que se concentram, por questões sazonais, de janeiro a junho. "O café, outro item importante, deve ter recuo de preços depois da super alta em fevereiro e março."
Castro diz ainda que a desvalorização do real frente ao dólar não está andando como se esperava para o ano. A estimativa anterior da AEB para o câmbio ao fim do ano era uma cotação de dólar entre R$ 2,40 e R$ 2,50. Agora, com o movimento recente mas persistente de apreciação da moeda nacional, Castro estima dólar entre R$ 2,20 e R$ 2,30. "O cenário, que é o que temos condições de traçar hoje, é totalmente desfavorável à rentabilidade do exportador, principalmente de manufaturados."
Se o dólar se mantiver no atual patamar, diz Castro, a tendência é que os exportadores de industrializados voltem a reajustar para cima seus preços de exportação. Como as possibilidades de elevação não são muito amplas, sob pena de perder a competitividade, há tendência de aperto de margem. "A regra nessas situações é tentar manter mercados."
Analistas veem, porém, tendência de rentabilidade em queda para os próximos meses. Além da redução nos preços de exportação, a variação do câmbio deve deixar de ter o efeito mais positivo que vinha apresentando até o início do ano para a rentabilidade do exportador. Isso porque o processo de desvalorização do real se intensificou no segundo semestre de 2013, quando o preço do dólar atingiu patamar mais alto do que os atuais. No primeiro semestre do ano passado, o dólar - levando em conta a Ptax - custou, em média, R$ 2,03. No segundo semestre de 2013 a cotação subiu para R$ 2,28.
Apesar da apreciação mais recente do real, abril ainda registrou desvalorização cambial de 11,5% em relação ao mesmo mês de 2013. Esse nível de desvalorização, porém, não foi suficiente para compensar os efeitos da queda de 6% nos preços de exportação e da elevação de 5,8% no custo de produção. Por isso houve queda na margem de lucro do exportador. No acumulado até abril o nível de desvalorização de 16,7% ainda foi suficiente para compensar a queda de 5,3% nos preços e a elevação de 6% nos custos de produção.
Mas a tendência, diz Rodrigo Branco, pesquisador do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento da Uerj (Cedes /Uerj), é que o comportamento da rentabilidade de abril permaneça para os próximos meses. Ou seja, o nível de desvalorização cambial provavelmente não irá compensar a pressão da queda de preços e da alta de custos sobre a margem de lucro. "A partir de agora, em relação ao ano passado, teremos base de comparação com patamares mais depreciados do real frente ao dólar. Além disso, os preços de exportação devem continuar caindo e não há sinalização de que o custo de produção possa recuar."
Daiane Santos, economista da Funcex, diz que o recuo da rentabilidade total é esperado para os próximos meses, levando em conta cenário no qual o processo mais recente de valorização da moeda deve se manter por conta de uma política cambial voltada para o controle da inflação. Ao mesmo tempo os preços de exportação devem continuar em tendência de recuo. A alta do preço do petróleo bruto, importante item da pauta, será superada pela diminuição do preço da soja triturada, do café em grãos e do minério de ferro e derivados, prevê Daiane.
Além disso, há a expectativa de elevação de custos de produção por conta do aumento do preço da tarifa de energia elétrica. Em abril, diz Daiane, os salários exerceram forte pressão sobre o custo. A mão de obra é, em média, cerca de 17% do custo da indústria exportadora.
"No acumulado do ano, o preço das exportações e o custo de produção variaram em sentidos opostos, configurando o pior cenário possível para a rentabilidade não fosse pela forte desvalorização cambial no período. Com a valorização do real também em maio e novas quedas de rentabilidade, porém, os ganhos do acumulado do ano também tendem a cair".
Os dados da Funcex indicam que a queda dos preços de exportação se acentuou recente mente. Enquanto a queda de preços foi de 6% em abril contra igual mês do ano passado, o recuo em doze meses foi de 4,3%.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que os preços podem ter maior queda no segundo semestre, por influência de itens importantes na pauta de exportação brasileira, como minério de ferro, soja e café.
O minério de ferro, diz, está cotado a menos de US$ 90 a tonelada, levando em conta valores FOB. Castro estima que a média de preço do item neste ano fique entre US$ 87 e US$ 89 a tonelada, bem menor que a média de US$ 98 a tonelada verificado em 2013. A soja também deve perder preço no segundo semestre, com a queda do volume de embarques brasileiros que se concentram, por questões sazonais, de janeiro a junho. "O café, outro item importante, deve ter recuo de preços depois da super alta em fevereiro e março."
Castro diz ainda que a desvalorização do real frente ao dólar não está andando como se esperava para o ano. A estimativa anterior da AEB para o câmbio ao fim do ano era uma cotação de dólar entre R$ 2,40 e R$ 2,50. Agora, com o movimento recente mas persistente de apreciação da moeda nacional, Castro estima dólar entre R$ 2,20 e R$ 2,30. "O cenário, que é o que temos condições de traçar hoje, é totalmente desfavorável à rentabilidade do exportador, principalmente de manufaturados."
Se o dólar se mantiver no atual patamar, diz Castro, a tendência é que os exportadores de industrializados voltem a reajustar para cima seus preços de exportação. Como as possibilidades de elevação não são muito amplas, sob pena de perder a competitividade, há tendência de aperto de margem. "A regra nessas situações é tentar manter mercados."
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