Chiara Quintão, Victória Mantoan, Olívia Alonso e Eduardo Laguna
O aumento da tributação de PIS/Cofins para importados dividiu a indústria brasileira em dois blocos bem distintos. Quem usa insumos importados no seu processo de produção avisa que os preços vão subir. Sem margem para absorver novo aumento de custos, setores como o de tintas e máquinas importadas devem reajustar suas tabelas. A dependência de importados também é alta nas montadoras e seus sistemistas, variando muito para cada fabricante. Já segmentos que enfrentam a concorrência dos estrangeiros, como o de alumínio e químicos, esperam ganhar algum fôlego nessa disputa.
O governo anunciou na segunda-feira alta de 9,25% para 11,75% na alíquota de PIS-Cofins sobre importado. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a medida tem como objetivo corrigir uma distorção causada pela retirada do ICMS da base de cálculo da tributação.
A mudança vai contribuir para que os custos com matérias-primas pressionem ainda mais as margens da indústria de tintas, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), Dilson Ferreira. "Haverá queda de margem significativa neste ano, até porque estamos num momento de fraca demanda", diz Ferreira.
Na média, os insumos importados respondem por mais de 60% dos custos de tintas. "Quanto mais sofisticada a tinta, maior a participação dos importados", diz o presidente da Abrafati. Nos últimos meses, as margens dos fabricantes de tintas já vinham sendo pressionadas pela desvalorização do real.
A alta do dólar e o aumento da tributação sobre os insumos poderiam ser atenuados pela redução do preço do barril de petróleo, de acordo com Ferreira, mas depende da queda dos petroquímicos.
A Abrafati ainda não fechou os números de 2014, mas a projeção é que tenha havido retração de 2% no volume físico comercializado. A estimativa oficial para 2015 é de aumento de 1%. Segundo Ferreira, porém, se o desempenho empatar com o do ano passado, "não será tão ruim".
Na avaliação do presidente da Abrafati, de modo geral, as medidas anunciadas pelo governo estão corretas, mas só terão efeito positivo no fim do ano. "No curto prazo, há um efeito negativo na demanda, mas não se faz uma omelete sem quebrar os ovos."
No caso da elevação de tributos sobre importados, porém, o ideal, segundo Ferreira, é que a medida tivesse sido seletiva, direcionada para itens que têm produção local, sem onerar aqueles sem alternativa à importação.
Na Eucatex, o aumento da tributação contribuirá para a já prevista redução de investimentos em 2015, de acordo com o presidente da companhia, Flavio Maluf. A alta da alíquota terá impacto, principalmente, na fabricação de tintas da Eucatex, que também produz painéis de madeira. "O dólar já encareceu nossos custos. O aumento da tributação é a azeitona da empadinha", diz o presidente da Eucatex. Na produção de tintas da companhia, as matérias-primas importadas correspondem a 70% dos custos.
Para reduzir os impactos da tributação mais elevada e da desvalorização do real nos custos e nas margens, a Eucatex vai buscar aumentar a parcela de exportações nas vendas. Outra medida será aumentar a parcela de itens cujo custo de produção é menor.
Os importadores de máquinas e equipamentos também devem repassar o aumento de impostos, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), Ennio Crispino.
Segundo Crispino, ainda é cedo para um cálculo fechado do impacto que o aumento deve ter nos preços, mas "certamente não ficará apenas nos 2,5 pontos percentuais anunciados". Ele diz que as margens com as quais o setor trabalha já estão apertadas, o que torna impossível absorver o aumento.
O presidente da entidade critica a decisão do governo dizendo que o argumento da distorção não passa de uma justificativa para aumentar a arrecadação. "A distorção é taxar, neste momento, meios de produção, sejam eles nacionais ou importados", diz.
O governo anunciou na segunda-feira alta de 9,25% para 11,75% na alíquota de PIS-Cofins sobre importado. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a medida tem como objetivo corrigir uma distorção causada pela retirada do ICMS da base de cálculo da tributação.
A mudança vai contribuir para que os custos com matérias-primas pressionem ainda mais as margens da indústria de tintas, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), Dilson Ferreira. "Haverá queda de margem significativa neste ano, até porque estamos num momento de fraca demanda", diz Ferreira.
Na média, os insumos importados respondem por mais de 60% dos custos de tintas. "Quanto mais sofisticada a tinta, maior a participação dos importados", diz o presidente da Abrafati. Nos últimos meses, as margens dos fabricantes de tintas já vinham sendo pressionadas pela desvalorização do real.
A alta do dólar e o aumento da tributação sobre os insumos poderiam ser atenuados pela redução do preço do barril de petróleo, de acordo com Ferreira, mas depende da queda dos petroquímicos.
A Abrafati ainda não fechou os números de 2014, mas a projeção é que tenha havido retração de 2% no volume físico comercializado. A estimativa oficial para 2015 é de aumento de 1%. Segundo Ferreira, porém, se o desempenho empatar com o do ano passado, "não será tão ruim".
Na avaliação do presidente da Abrafati, de modo geral, as medidas anunciadas pelo governo estão corretas, mas só terão efeito positivo no fim do ano. "No curto prazo, há um efeito negativo na demanda, mas não se faz uma omelete sem quebrar os ovos."
No caso da elevação de tributos sobre importados, porém, o ideal, segundo Ferreira, é que a medida tivesse sido seletiva, direcionada para itens que têm produção local, sem onerar aqueles sem alternativa à importação.
Na Eucatex, o aumento da tributação contribuirá para a já prevista redução de investimentos em 2015, de acordo com o presidente da companhia, Flavio Maluf. A alta da alíquota terá impacto, principalmente, na fabricação de tintas da Eucatex, que também produz painéis de madeira. "O dólar já encareceu nossos custos. O aumento da tributação é a azeitona da empadinha", diz o presidente da Eucatex. Na produção de tintas da companhia, as matérias-primas importadas correspondem a 70% dos custos.
Para reduzir os impactos da tributação mais elevada e da desvalorização do real nos custos e nas margens, a Eucatex vai buscar aumentar a parcela de exportações nas vendas. Outra medida será aumentar a parcela de itens cujo custo de produção é menor.
Os importadores de máquinas e equipamentos também devem repassar o aumento de impostos, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), Ennio Crispino.
Segundo Crispino, ainda é cedo para um cálculo fechado do impacto que o aumento deve ter nos preços, mas "certamente não ficará apenas nos 2,5 pontos percentuais anunciados". Ele diz que as margens com as quais o setor trabalha já estão apertadas, o que torna impossível absorver o aumento.
O presidente da entidade critica a decisão do governo dizendo que o argumento da distorção não passa de uma justificativa para aumentar a arrecadação. "A distorção é taxar, neste momento, meios de produção, sejam eles nacionais ou importados", diz.
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