quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

BC eleva juros pela terceira vez após eleição

Folha de S. Paulo - 22/01/2015
COM NOVO AUMENTO, DE 0,5 PONTO PERCENTUAL, TAXA SELIC VAI A 12,25% AO ANO, A MAIS ALTA DESDE JULHO DE 2011
Entidade não dá sinais de quais serão os próximos passos, mas analistas esperam mais um alta em março
SOFIA FERNANDES

Em sua primeira reunião do ano, o Banco Central manteve o ritmo de aperto monetário e elevou a taxa básica de juros da economia em 0,50 ponto percentual, de 11,75% para 12,25% ao ano, o maior patamar desde julho de 2011.

A decisão desta quarta (21) era esperada pela maior parte do mercado financeiro, que não alterou suas expectativas mesmo após o anúncio de alta de impostos feito nesta semana e diante da perspectiva de alta maior na energia.

O BC não deu sinais em relação aos próximos passos da política monetária.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o BC deve subir os juros na próxima reunião, em março, em mais 0,25 ponto percentual.

Segundo Mauricio Molan, economista do Santander, aumentou a chance de alta de 0,5 ponto em março após o BC retirar a palavra "parcimônia" utilizada no comunicado de dezembro.

"Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom [Comitê de Política Monetária] decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic", disse o BC em comunicado na quarta.

Esta foi a terceira alta de juros consecutiva desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff, que criticou durante em sua campanha o choque de juros e o corte de gastos como diretrizes econômicas.

A taxa Selic é utilizada nos empréstimos que o BC faz a instituições financeiras. Ela também serve de referência para a economia e para os juros cobrados de consumidores e empresas.

Após a reunião do Copom de dezembro, a instituição sinalizou que voltaria a elevar a Selic, mas que usaria esse instrumento de controle da inflação com "parcimônia" e contando com a ajuda do corte de gastos públicos.

A proposta de aperto fiscal inclui regras mais rígidas de acesso a benefícios como seguro-desemprego e cortes de subsídios ao BNDES.

Ao mesmo tempo, o aumento de tributos anunciado na segunda-feira pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda) --que inclui aumento na tributação da gasolina a partir de fevereiro-- é mais uma pressão na inflação, que virá com força em janeiro.

Outra fatura que deve pesar no início do ano para o bolso consumidor é a do setor elétrico. Além dos empréstimos às distribuidoras e outras contas em aberto que serão bancadas pelo consumidor, Levy sinalizou que findaram os repasses do Tesouro --que seriam de R$ 9 bilhões, no mínimo--, valor que irá para a conta de luz.

O IPCA (índice oficial de preços ao consumidor) fechou 2014 em 6,41%, mas deve voltar a superar o limite de 6,5% neste início de ano.

Segundo o BC, o indicador só voltará a se aproximar do objetivo central de 4,5% no fim de 2016.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou no início do ano que vai fazer "o que for necessário" para que a inflação entre em longo período de declínio, admitindo que essa não será tarefa fácil.

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