O Globo - 09/01/2013
Bric. Bricas. Mint. Bric a Brac. Em algum momento, que espero não demore, ficaremos livres de acrônicos na economia internacional. Ainda vivemos nessa mania dos economistas de dividirem os países em caixas classificatórias. Jim O’Neill não está mais no Goldman Sachs, mas continua criando caixinhas. Agora há o Mint: México, Indonésia, Nigéria e Turquia como novos emergentes.
Essas classificações ajudam a simplificar o que é complexo e impedem que se veja o problema de cada um. Outro dia se disse que os Brics entram em 2014 sob risco de rebaixamento. Os que estão sob ameaça são Brasil e Índia, só que a Índia está em um nível abaixo do Brasil e, se cair, perde o grau de investimento. A China não tem esse risco, a Rússia também não. A África do Sul, o último entrante no Bric, que virou Brics, tem outra história.
Há tanta semelhança entre México, Indonésia, Nigéria e Turquia quanto entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ou seja, muito pouca. Pode-se encontrar pontos de contatos em tamanho territorial. A Índia, com sua enorme população e agricultura pouco competitiva, não se parece em nada com o Brasil grande produtor de alimentos e com uma população em nível muito mais sustentável. Isso para ficar em um exemplo. O ideal seria se libertar dessas siglas que tiveram um sucesso além do razoável e começar a pensar nos problemas específicos que o Brasil enfrenta na economia internacional.
Uma forma de comparar as economias é olhar o peso que elas têm no PIB mundial. O FMI faz isso usando o conceito de poder de paridade de compra, que retira os efeitos da variação cambial. Dentro dos Brics, as diferenças são enormes. Quem sustentou o prestígio do grupo nos últimos anos foi a China, que cresceu bastante e se tornou a segunda maior economia do planeta, ultrapassando o Japão. No ano 2000, os chineses eram 7% da economia global. Chegarão a 16% este ano. É estranho colocar a economia chinesa no mesmo grupo dos sul-africanos, que representam apenas 0,6% do PIB mundial. É difícil até comparar com o Brasil, que é 2,7%. Os russos são 2,9% e os indianos correspondem a 5,8%. A Índia tem a semelhança coma China por também ter crescido sua fatia no bolo mundial. Brasil e Rússia ficaram estagnados (vejam no gráfico).
Nossos problemas são nossos e não de um grupo de países. O Brasil terminou o ano passado com um grande déficit em transações correntes e tem que olhar isso com mais cuidado. Deve-se evitar band-aids, como aumento de IOF para cartão de débito usado no exterior. O problema é mais amplo: a economia brasileira está pouco competitiva e as exportações se concentram num grupo pequeno de produtos.
Bric. Bricas. Mint. Bric a Brac. Em algum momento, que espero não demore, ficaremos livres de acrônicos na economia internacional. Ainda vivemos nessa mania dos economistas de dividirem os países em caixas classificatórias. Jim O’Neill não está mais no Goldman Sachs, mas continua criando caixinhas. Agora há o Mint: México, Indonésia, Nigéria e Turquia como novos emergentes.
Essas classificações ajudam a simplificar o que é complexo e impedem que se veja o problema de cada um. Outro dia se disse que os Brics entram em 2014 sob risco de rebaixamento. Os que estão sob ameaça são Brasil e Índia, só que a Índia está em um nível abaixo do Brasil e, se cair, perde o grau de investimento. A China não tem esse risco, a Rússia também não. A África do Sul, o último entrante no Bric, que virou Brics, tem outra história.
Há tanta semelhança entre México, Indonésia, Nigéria e Turquia quanto entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ou seja, muito pouca. Pode-se encontrar pontos de contatos em tamanho territorial. A Índia, com sua enorme população e agricultura pouco competitiva, não se parece em nada com o Brasil grande produtor de alimentos e com uma população em nível muito mais sustentável. Isso para ficar em um exemplo. O ideal seria se libertar dessas siglas que tiveram um sucesso além do razoável e começar a pensar nos problemas específicos que o Brasil enfrenta na economia internacional.
Uma forma de comparar as economias é olhar o peso que elas têm no PIB mundial. O FMI faz isso usando o conceito de poder de paridade de compra, que retira os efeitos da variação cambial. Dentro dos Brics, as diferenças são enormes. Quem sustentou o prestígio do grupo nos últimos anos foi a China, que cresceu bastante e se tornou a segunda maior economia do planeta, ultrapassando o Japão. No ano 2000, os chineses eram 7% da economia global. Chegarão a 16% este ano. É estranho colocar a economia chinesa no mesmo grupo dos sul-africanos, que representam apenas 0,6% do PIB mundial. É difícil até comparar com o Brasil, que é 2,7%. Os russos são 2,9% e os indianos correspondem a 5,8%. A Índia tem a semelhança coma China por também ter crescido sua fatia no bolo mundial. Brasil e Rússia ficaram estagnados (vejam no gráfico).
Nossos problemas são nossos e não de um grupo de países. O Brasil terminou o ano passado com um grande déficit em transações correntes e tem que olhar isso com mais cuidado. Deve-se evitar band-aids, como aumento de IOF para cartão de débito usado no exterior. O problema é mais amplo: a economia brasileira está pouco competitiva e as exportações se concentram num grupo pequeno de produtos.