O Estado de S.Paulo - 09/01/2013
Ao longo de 2013, o governo Dilma bem que tentou desvalorizar o real (puxar a alta do dólar), provavelmente para R$ 2,50, com base no pressuposto de que a indústria precisa de mais competitividade, ou seja, precisa exportar a preços mais baixos em moeda estrangeira.
Mas foi obrigado a recuar à medida que a escalada das cotações do dólar ameaçou levar a inflação ao descontrole (veja o gráfico). O Banco Central vem batalhando para reduzir a desvalorização do real. Tanto assim, que em 2013 colocou no mercado cerca de US$ 70 bilhões em títulos (em reais) para proteção contra a alta do dólar daqueles que têm compromissos em moeda estrangeira.
A deterioração das contas externas é o primeiro fator que trabalha contra a atuação do Banco Central e tende a aumentar a saída de dólares. O outro é a ação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que começa a reverter sua política monetária altamente expansionista e, assim, a reduzir a oferta de dólares no mercado internacional. São forças que podem puxar as cotações do câmbio interno para as vizinhanças dos R$ 2,50. A última pesquisa Focus, que o Banco Central faz semanalmente entre mais de 100 instituições, aponta para a expectativa de um câmbio a R$ 2,45 ao final de 2014. Se houver novo rebaixamento da qualidade dos títulos da dívida do Tesouro pelas agências de classificação de risco, como indica a Standard & Poor's, o avanço do dólar pode ser ainda maior.
Falta saber o que o governo fará para tentar neutralizar o impacto inflacionário que essa alta pode provocar. De um lado, vai continuar oferecendo proteção (hedge) para quem precisar. O problema é que essa operação ameaça ficar insustentável. De outro, deverá continuar a acionar os juros em reais.
O governo confia em que a melhora das condições da economia americana ajudará a aumentar as encomendas de produtos brasileiros e, assim, a garantir mais receitas com exportação. Além disso, a Petrobrás está programada para aumentar a produção de petróleo em cerca de 10%, o que, por sua vez, concorrerá para reduzir o déficit de combustíveis.
Pode ser pouco. A perda de confiança e a retração dos investimentos que se seguiu aconteceram porque o governo Dilma ficou a meio caminho nos seus objetivos. Toda a chamada nova matriz econômica fracassou porque, além de produzir não mais do que uma sucessão de pibinhos e uma inflação à beira do insuportável, provocou mais distorções do que soluções.
O governo Dilma está perdendo margem de manobra em praticamente todas as áreas de atuação. Não pode aumentar as desonerações ou as despesas públicas porque a arrecadação está sendo achatada pelo baixo crescimento do PIB. Não pode derrubar os juros e estimular os investimentos porque segue gastando demais. Não pode dar mais câmbio porque abriria espaço para a alta de preços.
As propostas vão afunilando para uma única solução: melhorar substancialmente a qualidade das contas públicas. Somente esse tipo de solidez reduzirá a procura de salva-vidas em moeda estrangeira.
Ao longo de 2013, o governo Dilma bem que tentou desvalorizar o real (puxar a alta do dólar), provavelmente para R$ 2,50, com base no pressuposto de que a indústria precisa de mais competitividade, ou seja, precisa exportar a preços mais baixos em moeda estrangeira.
Mas foi obrigado a recuar à medida que a escalada das cotações do dólar ameaçou levar a inflação ao descontrole (veja o gráfico). O Banco Central vem batalhando para reduzir a desvalorização do real. Tanto assim, que em 2013 colocou no mercado cerca de US$ 70 bilhões em títulos (em reais) para proteção contra a alta do dólar daqueles que têm compromissos em moeda estrangeira.
A deterioração das contas externas é o primeiro fator que trabalha contra a atuação do Banco Central e tende a aumentar a saída de dólares. O outro é a ação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que começa a reverter sua política monetária altamente expansionista e, assim, a reduzir a oferta de dólares no mercado internacional. São forças que podem puxar as cotações do câmbio interno para as vizinhanças dos R$ 2,50. A última pesquisa Focus, que o Banco Central faz semanalmente entre mais de 100 instituições, aponta para a expectativa de um câmbio a R$ 2,45 ao final de 2014. Se houver novo rebaixamento da qualidade dos títulos da dívida do Tesouro pelas agências de classificação de risco, como indica a Standard & Poor's, o avanço do dólar pode ser ainda maior.
Falta saber o que o governo fará para tentar neutralizar o impacto inflacionário que essa alta pode provocar. De um lado, vai continuar oferecendo proteção (hedge) para quem precisar. O problema é que essa operação ameaça ficar insustentável. De outro, deverá continuar a acionar os juros em reais.
O governo confia em que a melhora das condições da economia americana ajudará a aumentar as encomendas de produtos brasileiros e, assim, a garantir mais receitas com exportação. Além disso, a Petrobrás está programada para aumentar a produção de petróleo em cerca de 10%, o que, por sua vez, concorrerá para reduzir o déficit de combustíveis.
Pode ser pouco. A perda de confiança e a retração dos investimentos que se seguiu aconteceram porque o governo Dilma ficou a meio caminho nos seus objetivos. Toda a chamada nova matriz econômica fracassou porque, além de produzir não mais do que uma sucessão de pibinhos e uma inflação à beira do insuportável, provocou mais distorções do que soluções.
O governo Dilma está perdendo margem de manobra em praticamente todas as áreas de atuação. Não pode aumentar as desonerações ou as despesas públicas porque a arrecadação está sendo achatada pelo baixo crescimento do PIB. Não pode derrubar os juros e estimular os investimentos porque segue gastando demais. Não pode dar mais câmbio porque abriria espaço para a alta de preços.
As propostas vão afunilando para uma única solução: melhorar substancialmente a qualidade das contas públicas. Somente esse tipo de solidez reduzirá a procura de salva-vidas em moeda estrangeira.