quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Exportador apreensivo

Imagem: Reprodução

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Apesar de a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff minimizar os efeitos da crise cambial argentina no Brasil, os exportadores estão preocupados. A queda de quase 20% nos preços das commodities no mercado internacional, neste início de ano, intensificou o sinal de alerta que já havia sido disparado pelo encolhimento das reservas do país vizinho. O banco central da Argentina tem hoje um estoque de divisas de apenas US$ 29 bilhões. Com a perspectiva de perda de receita com produtos como soja, carne e trigo, que têm peso significativo na pauta comercial, aumenta o risco de novas medidas restritivas, ou mesmo de um calote nos pagamentos aos credores externos.

“Estamos apreensivos com a possibilidade de novas medidas de Buenos Aires para barrar as importações. Nesse caso, o Brasil com certeza será afetado, e a indústria nacional será a que sofrerá mais os efeitos da crise. É claro que as exportações não serão zeradas, mas uma redução teria reflexo negativo no nível de emprego no país”, explicou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Ele estima que os embarques brasileiros para o mercado argentino podem ter queda de até 10%.
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas de China e Estados Unidos. No ano passado, as exportações brasileiras chegaram a US$ 19,6 bilhões, contra importações de US$ 16,4 bilhões. O saldo favorável, de US$ 3,2 bilhões, foi duas vezes maior que o de US$ 1,5 bilhão registrado em 2012.
Manufaturados
A indústria seria o setor mais prejudicado pelo aprofundamento da crise no país vizinho porque, conforme levantamento feito pela AEB, 91% das vendas brasileiras para o mercado argentino são de produtos manufaturados. O país é o destino de 46% dos embarques de automóveis, caminhões, tratores e motores. Em 2013, somente a comercialização de carros de passeio e utilitários leves somou US$ 4,8 bilhões, e a de autopeças, US$ 1,8 bilhão.
“Os argentinos são responsáveis por 8% de todas as exportações brasileiras, mas, no caso dos manufaturados, a fatia chega a 20%. Se perdermos esse mercado, não encontraremos outro rapidamente”, destacou Castro. Ele lembrou que a competitividade da produção nacional é muito baixa, dados os altos custos envolvidos no processo, da mão de obra à logística precária de estradas, portos e aeroportos. “Mais uma vez vamos ter que torcer para a economia melhorar por lá”, acrescentou.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou os riscos de contágio da economia brasileira. “A Argentina sofre com a volatilidade dos mercados. Mas posso dar uma lista de 10 países que têm o mesmo problema”, disse ele, ontem. O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Luis Oreiro também prevê um impacto pequeno da crise no maior parceiro do Mercosul. Segundo ele, o efeito seria uma redução de 0,2 a 0,3 ponto percentual no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Fonte: Correio Braziliense, Por Rosana Hessel

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