Brasil Econômico - 11/06/2012
Sem definir metas e sem discutir setores, secretários de ambos os países anunciam que haverá um "esforço" para destravar o comércio exterior. Para especialistas argentinos, reunião não representa qualquer avanço
Gustavo Machado
Um compromisso. Foi o que Alessandro Teixeira, secretário do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), afirmou ter sido estabelecido entre Argentina e Brasil para destrancar o comércio bilateral.
Em Buenos Aires, Teixeira disse que nenhum setor foi abordado na reunião com o secretário de Comércio Interior argentino, Mario Guillermo Moreno. No entanto, enfatizou que, mesmo sem metas, ambos estão engajados em agilizar as emissões de licenças de importação - o que tem mantido diversos produtos parados nas fronteiras.
"Cumprimos o acordo internacional de liberação dos produtos em até 60 dias e agora esperamos que eles façam o mesmo.
Não importa se as licenças sairão em 10, 15 ou 58 dias, mas que se cumpra o acordo", reiterou o secretário.
Nesta semana, outras reuniões darão prosseguimento às tratativas dos países para destrancar o comércio bilateral. A indicação de Teixeira sugere que setores serão avaliados para aprimorar o sistema de produção integrada. "Precisamos defender o bloco. Ambos os países sofrem com uma baixa no dinamismo econômico. Precisamos promover uma maior integração produtiva", comentou.
A reunião de sexta-feira (8) foi a primeira entre o MDIC e Moreno, tratado como o "chefe" da economia argentina. "A mudança do interlocutor melhorou muito a discussão. Não espero uma liberação de 100% do comércio, mas agora temos um compromisso de quem toma as decisões", disse Teixeira. Até este encontro, as negociações se davamcom a ministra da Indústria, Débora Giorgi, que também participou do encontro.
Segundo o economista argentino Mauricio Claveri, da Abeceb, o compromisso firmado por Moreno não significará muitos avanços para as relações bilaterais.
Segundo ele, seria necessário mudar a base da política estabelecida pelo secretário. "É muito clara a política consolidada por Moreno de administração da balança comercial. Até o final desse ano, é impensável para nós vislumbrar uma mudança que possa destravar as importações", avalia Claveri.
O economista argumenta que não há espaço no caixa do governo que possa balizar a liberação das importações. "A meta é produzir divisas para pagar as contas da dívida externa e de energia. A única solução próxima para este problema é fazer com que o Brasil compre mais", diz.
Segundo Teixeira, Moreno afirmou que a Argentina não passa por um momento de crise, o que é rechaçado pelo advogado, especializado em Comércio Exterior, Enrique Guillermo Avogadro.
Para ele, a situação se agrava a cada dia. "O governo tenta fechar a porta para a saída de dólares, mas desde outubro, US$ 1,5 bilhão sumiram do sistema financeiro.
Alguns foram para fora do país e outros para os colchões da população. Moreno pode dizer o que quiser, mas a falta de dólares na economia é umproblema extremo", afirma Avogadro.
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