sexta-feira, 8 de junho de 2012

Fluxo cambial no país fica negativo pela primeira vez no ano

Brasil Econômico - 08/06/2012
Movimento pode refletir medidas do governo para impedir entrada excessiva de dólar no Brasil e tendência é que saída de recursos continue
Priscila Dadona


O fluxo cambial no país ficou negativo em US$ 2,691 bilhões, em maio, segundo dados divulgado na quarta-feira pelo Banco Central (BC). Este foi o primeiro mês este ano que o saldo ficou negativo e é a maior saída de dólares em quase dois anos. 

Em abril, o resultado ficou positivo em US$ 6,58 bilhões. No primeiro dia deste mês, o saldo também ficou positivo, em US$ 324 milhões. 

Segundo João Medeiros, diretor da Pioneer Corretora, o movimento pode ser explicado pelas incontáveis medidas que o governo tomou para conter a guerra cambial, pela crise na Europa, que leva investidores a optar por ativos mais seguros. "Estamos colhendo agora o que plantamos anteriormente, de uma maneira geral fomos espantando tanto investidores de curto quanto de longo prazos." Para Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora de Câmbio, a tendência é o fluxo cambial ficar negativo nos próximos meses, tanto no segmento comercial quanto no financeiro. "Isso porque há um saldo a pagar de importações já realizadas de US$ 16,2 bilhões, e das exportações que realizaremos de US$ 6,3 bilhões já foram recebidas", afirma Nehme, em relatório. 

Em maio, o segmento financeiro (investimentos em títulos, ações, remessas de lucros e dividendos ao exterior, entre outras operações) registrou saldo negativo de US$ 6,32 bilhões, enquanto o comercial (operações relacionadas a exportações e importações) ficou positivo em US$ 3,63 bilhões. 

De janeiro a 1º de junho, o fluxo cambial está positivo em US$ 22,94 bilhões, ante US$ 42,659 bilhões em igual período de 2011. Os dados acumulados deste ano mostram que o fluxo financeiro está positivo em US$ 1,60 bilhão e o comercial registra saldo positivo de US$ 21,34 bilhões. 

Os dados do BC também mostram que os bancos fecharam maio apostando na alta do dólar (posição comprada) de US$ 2,68 bilhões. Em abril, a posição comprada ficou em US$ 5,99 bilhões. 

"Há possibilidade desta posição comprada ser exaurida em junho, o que faria com que o BC tenha que fazer leilões de venda efetiva de moeda, até porque as posições vendidas (aposta na baixa do dólar) no mercado à vista também estão limitadas e sujeitas à tributação do IOF", afirma Nehme, em relatório. 

Medeiros, da Pioneer, diz que se faltar dinheiro para os bancos, o BC poderá ser obrigado a vender dólar no mercado à vista, ou seja, se desfazendo de parte das reservas cambiais, a exemplo do que fez em 2009. 

"Fica o receio de uma pressão maior em cima do BC. Se faltar recurso terá que começar a dar dinheiro para linhas de financiamento ao exportador", afirma Medeiros, para quem ainda não estamos vivendo nesta situação. 

"Por enquanto, ainda não temos falta de linha de financiamento. 

A situação do país ainda é confortável, mas como o BC tem o comando total e sabe a posição de cada banco vai avaliar a necessidade." Movimento do câmbio O dólar encerrou em alta ante o real na quarta-feira, corrigindo parte da queda vista na véspera, quando o Banco Central fez um leilão de swap cambial tradicional. 

A moeda subiu 0,50% a R$ 2,02. Com Abr e Reuters

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