Brasil Econômico - 15/06/2012
Cenário econômico é o melhor em 20 anos, mas turbulência internacional está atrasando desenvolvimento
Chrystiane Silva
Nunca antes na história deste país a taxa de juros esteve tão baixa. A meta Selic, que serve de referência para todas as transações de empréstimos e financiamentos, está em 8,5% ao ano. Já a cotação do dólar em relação ao real acumula valorização de 30% desde o começo de 2012 e estava cotada a R$ 2,06, ontem. Este foi o cenário sonhado pelos empresários durante anos, mas agora que ele se tornou realidade, a indústria brasileira está enfrentando um de seus piores momentos. A produção industrial acumula queda de 2,8% nos quatro primeiros meses deste ano.
O câmbio e os juros favoráveis ajudam, mas os resultados efetivos só serão sentidos mesmo quando a crise externa passar. Além disso, é necessário também ter políticas de aumento de produtividade e inovação para melhorar a produção industrial e, principalmente, contar com o crescimento da economia mundial.
Cada vez mais as relações comerciais estão interligadas entre os países e dependem da evolução de outras economias. "Neste momento, a desvalorização do câmbio e dos juros não consegue compensar a forte retração mundial", diz Rodrigo Zeidan, professor de economia da Fundação Dom Cabral.
Entretanto, segundo ele, se os juros não estivessem em baixa e o dólar em alta, dificilmente o Brasil conseguiria ter um crescimento estimado de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Se for confirmado, o resultado será pífio. "A situação seria bem pior sem essas condições macroeconômicas. O país precisa crescer 3,5% ao ano para manter o pleno emprego", diz Zeidan.
Apesar de parecer que a indústria faz muitas reclamações para conseguir um cenário macroeconômico melhor para seus negócios, eles estão usando as armas que possuem para brigar com a concorrência dos produtos importados. O custo de produção no país ainda é muito alto quando comparado com outros países em desenvolvimento. "Os empresários estão no seu pleno direito de tentar melhores condições de produção. Não há nada de errado neste movimento em um ambiente democrático", diz Zeidan.
Caso a atividade econômica mundial dê sinais de melhora nos próximos meses, a indústria brasileira navegará em um mar de brigadeiro com o câmbio desvalorizado e os juros em baixa. "Mas a evolução da indústria deve acontecer no médio prazo, entre três e cinco anos", diz Zeidan. Esse é o prazo estimado por vários economistas para uma recuperação concreta das economias europeias e também dos Estados Unidos.
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