Desvalorização do real é sem dúvida importante para enfrentar deficit comercial, mas contar apenas com isso é uma receita para o fracasso
O Brasil registrou deficit comercial de US$ 6,2 bilhões no primeiro bimestre, alta expressiva em relação aos US$ 5,3 bilhões do mesmo período de 2013. O mau resultado veio a despeito da desvalorização do real, que encarece importados e aumenta a competitividade dos produtos nacionais.
Verdade que dados econômicos de curto prazo não necessariamente indicam uma tendência. Ademais, o enfraquecimento da moeda demora a produzir impactos.
Ressalvas feitas, o cenário é ainda assim preocupante. No que respeita às exportações, há muitos obstáculos de difícil superação. O caso mais crítico são os manufaturados, cujas vendas (em quantidade) estão estagnadas desde 2007.
A salvação vinha sendo a Argentina, que absorve 19% das exportações em tal categoria, especialmente em automóveis. O agravamento da crise no país vizinho afeta diretamente o desempenho brasileiro nesse ramo. Estima-se recuo de até US$ 2 bilhões nas vendas de carro neste ano.
Não é preciso mais que esses fatos para evidenciar a importância de ter variados parceiros comerciais de monta. Para o restante do mundo, contudo, o Brasil há muito deixou de ser um relevante vendedor de produtos industriais.
A participação dos EUA, outrora o principal cliente brasileiro, diminuiu de 28% para 15% do total das vendas. O mesmo quadro se vê nas trocas com europeus e até com países da América Latina que não pertencem ao Mercosul. A China, por sua vez, só compra produtos primários. Soja e minério representam 70% da pauta.
Desconectado das grandes cadeias mundiais de produção, o Brasil depende de importações de componentes sofisticados –há um deficit de quase US$ 100 bilhões nos segmentos de média e alta tecnologia. Tal desequilíbrio não seria um grande problema se o país estivesse ganhando competitividade. Não é o que ocorre, porém.
A indústria demora a se reaparelhar e são necessários vários anos para mudar os padrões de comércio. Além disso, outros fatores –custos internos em alta, logística deficiente e impostos escorchantes– ainda suplantam o benefício do real mais barato.
Acabou o período fácil para o Brasil, quando era possível sustentar saldos comerciais positivos graças aos elevados preços de matérias-primas. É urgente, num cenário de acirrada competição global, mudar o padrão de inserção internacional do país.
Celebrar acordos comerciais fora das amarras do Mercosul seria um bom começo. Mas a estratégia para acomodar as empresas brasileiras no mercado mundial ainda nem começou a se formar.
A desvalorização do real é sem dúvida importante nesse contexto, mas contar apenas com isso é uma receita para o fracasso.
O Brasil registrou deficit comercial de US$ 6,2 bilhões no primeiro bimestre, alta expressiva em relação aos US$ 5,3 bilhões do mesmo período de 2013. O mau resultado veio a despeito da desvalorização do real, que encarece importados e aumenta a competitividade dos produtos nacionais.
Verdade que dados econômicos de curto prazo não necessariamente indicam uma tendência. Ademais, o enfraquecimento da moeda demora a produzir impactos.
Ressalvas feitas, o cenário é ainda assim preocupante. No que respeita às exportações, há muitos obstáculos de difícil superação. O caso mais crítico são os manufaturados, cujas vendas (em quantidade) estão estagnadas desde 2007.
A salvação vinha sendo a Argentina, que absorve 19% das exportações em tal categoria, especialmente em automóveis. O agravamento da crise no país vizinho afeta diretamente o desempenho brasileiro nesse ramo. Estima-se recuo de até US$ 2 bilhões nas vendas de carro neste ano.
Não é preciso mais que esses fatos para evidenciar a importância de ter variados parceiros comerciais de monta. Para o restante do mundo, contudo, o Brasil há muito deixou de ser um relevante vendedor de produtos industriais.
A participação dos EUA, outrora o principal cliente brasileiro, diminuiu de 28% para 15% do total das vendas. O mesmo quadro se vê nas trocas com europeus e até com países da América Latina que não pertencem ao Mercosul. A China, por sua vez, só compra produtos primários. Soja e minério representam 70% da pauta.
Desconectado das grandes cadeias mundiais de produção, o Brasil depende de importações de componentes sofisticados –há um deficit de quase US$ 100 bilhões nos segmentos de média e alta tecnologia. Tal desequilíbrio não seria um grande problema se o país estivesse ganhando competitividade. Não é o que ocorre, porém.
A indústria demora a se reaparelhar e são necessários vários anos para mudar os padrões de comércio. Além disso, outros fatores –custos internos em alta, logística deficiente e impostos escorchantes– ainda suplantam o benefício do real mais barato.
Acabou o período fácil para o Brasil, quando era possível sustentar saldos comerciais positivos graças aos elevados preços de matérias-primas. É urgente, num cenário de acirrada competição global, mudar o padrão de inserção internacional do país.
Celebrar acordos comerciais fora das amarras do Mercosul seria um bom começo. Mas a estratégia para acomodar as empresas brasileiras no mercado mundial ainda nem começou a se formar.
A desvalorização do real é sem dúvida importante nesse contexto, mas contar apenas com isso é uma receita para o fracasso.
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