quarta-feira, 25 de abril de 2012

Calçados brasileiros fora da Argentina


Autor(es): Vivian Oswald
O Globo - 25/04/2012
Cerca de 2,5 milhões de sapatos esperam autorização do governo na fronteira
Quase 2,5 milhões de pares de sapatos brasileiros aguardavam a autorização do governo da Argentina para cruzar as fronteiras e abastecer o mercado portenho até 30 de março. Deste total, 730,6 mil pares esperam a documentação desde 2001. Por conta das barreiras impostas pelo argentinos nos últimos meses, o setor calçadista perdeu duas estações importantes para as suas vendas em 2011, assim como o Dia das Mães (comemorado em outubro na Argentina) e o Natal em função dos atrasos no licenciamento, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados).
Desde fevereiro deste ano, quando os argentinos instituíram a obrigatoriedade da nova declaração de importação prévia ao desembarque no país, as retenções já chegam a 1,69 milhão de pares, segundo levantamento da Abicalçados. A barreira não tarifária não é o único problema enfrentado pelo setor calçadista brasileiro, que vende apenas para a Argentina 10% do que exporta para o resto do mundo. A Abicalçados acusa os argentinos de não respeitarem o acordo firmado entre os dois países - de comprar 15 milhões de pares de sapatos brasileiros e concentrar 75% de suas importações nos países do Mercosul.
- Este número oscilou no ano passado e chegou a bater 60% - disse a assessoria de imprensa da entidade.
Em troca mensagens com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o setor cobrou uma resposta do governo.
O MDIC afirma estar acompanhando os desdobramentos das últimas iniciativas da Argentina sobre as exportações do Brasil. Este deve ser um dos principais temas da próxima reunião da Comissão de Monitoramento de Comércio Bilateral Brasil-Argentina, que deve acontecer agora em maio.
Máquinas agrícolas também estariam sendo retidas
Terceiro maior comprador do Brasil, a Argentina é também um dos maiores importadores de manufaturados brasileiros. De tudo o que o país vende para os argentinos, 89,9% são produtos manufaturados de maior valor agregado. A nova declaração é obrigatória para todos os manufaturados, o que significa que o potencial de estragos para as exportações brasileiras é de US$ 20,40 bilhões, considerando os valores de 2011.
Outros setores também estariam enfrentando problemas nas fronteiras. O MDIC recebeu informações de que as máquinas agrícolas estariam entre eles. O problema é mais sério nesta época do ano, quando os argentinos estão às vésperas da colheita da safra e, portanto, precisando receber os equipamentos adquiridos. Levantamento da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no primeiro bimestre do ano foram exportados para a Argentina 143 colheitadeiras e 364 tratores de roda. Segundo estes dados, que estão defasados e ainda não pegam a pré-safra deste ano, não dá para avaliar o impacto real das medidas restritivas às vendas de 2012.

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